Robôs vão substituir os humanos? Nem por isso, indica novo estudo

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Um novo estudo indica que 72% dos empregos industriais ainda são feitos por humanos e que a inteligência artificial pode melhorar – e não substituir – os seus papéis.

Os robôs estão presentes há alguns anos em várias fábricas, mas os seres humanos ainda executam 72% das tarefas de fabrico, de acordo com um novo estudo da empresa de consultoria A.T. Kearney e da startup de inteligência artificial californiana, Drishti, citado pela Forbes.

Cerca de 1,7 milhão de robôs já trabalham ao lado dos 345 milhões operários a nível mundial, de acordo com estimativas da Federação Internacional de Robótica e da Goldman Sachs. No entanto, as formas pelas quais eles interagem – ou têm dificuldades em interagir – demostram os desafios dessa dinâmica.

O estudo concluiu, por exemplo, que os engenheiros de nível sénior gastavam mais de um terço das suas horas de trabalho a reunir de forma manual, dados sobre a produtividade do trabalhador, e são também os humanos que continuam a executar a maioria das tarefas críticas de produção.

“Não existe um processo sistemático para reunir estatísticas. Posso dizer que é um problema generalizado na manufactura, com base nas inúmeras reuniões que tive com os executivos de fábricas”, disse Prasad Akella, fundador e executivo-chefe da Drishti. “Quase todas as empresas com quem falo têm encontrado a mesma falta de visibilidade nas tarefas realizadas por trabalhadores humanos.”

A falta de dados sobre as tarefas manuais que os humanos executam nas fábricas, assim como o tempo médio para aplicar um rótulo ou o número de pausas feitas durante um processo, é o resultado de uma metodologia associada aos locais atuais de trabalho, que não acompanharam o desenvolvimento da tecnologia. Embora os dados de produção e de desempenho dos robôs em fábricas estejam disponíveis de forma imediata e on-demand, a metodologia para reunir as estatísticas do trabalho humano permanece praticamente a mesma desde a segunda revolução industrial do início do século XIX: continua a ser tudo feito por observações ‘manuais’ que são intensas e demoradas a nível de tempo e de trabalho executado.

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“Os dados destas técnicas têm falhas, mas é o melhor que a maioria das fábricas consegue ter, e, portanto, é usado de qualquer maneira para chegar às decisões estratégicas”, afirma Akella no estudo. No entanto, “dados melhores podem ser usados ​​para gerar melhorias diretas no trabalho.” O estudo sugere que a falta de dados contribui para defeitos de produção, já que 68% deles são causados ​​por erros humanos. A existência de dados mais eficazes, diz Akella, podem aumentar a produtividade, melhorar o que é considerado um padrão razoável de qualidade de produção e evitar que os pequenos erros levem a recolhas de produtos em larga escala.

Akella, um especialista nos chamados “cobots”, ou robôs colaborativos, que liderou a equipa da General Motors que os criou na década de 1990, fundou a Drishti em 2016 para usar IA e a análise de dados em coordenação com os trabalhadores de fábricas. Este responsável acredita que os robôs não são por si só a única resposta para as fábricas do futuro. A sua empresa amealhou quase 10 milhões de dólares em financiamento de risco no início deste ano, para apoiar a sua missão de “ampliar o potencial humano num mundo cada vez mais automatizado”.

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O estudo em causa contou com entrevistas individuais a funcionários de nível sénior e entrevistou mais de 100 executivos em diversos setores, incluindo automóvel, metalúrgico, aeroespacial, transportes, plásticos e alimentos e bebidas.