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Segunda parte da nossa reportagem em Braga ao INL, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (pode ler a primeira parte aqui). Desta vez analisamos o papel que o laboratório tem nas inovações tecnológicas da Samsung e da General Motores.

(no vídeo pode ver alguns dos destaques da nossa visita ao INL)

Chama-se Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia ou INL, fica bem perto do Bom Jesus, em Braga, e é um centro português e espanhol com 10 anos de existência. As instalações de 20 mil m2 têm atraído os melhores investigadores a nível mundial, para isso ajuda que existam condições de topo, como um pequeno hotel, ginásio e creche.

Como vimos, na primeira parte desta reportagem, o INL tem como vantagem o facto dos investigadores terem, dentro do mesmo espaço, tecnologia de ponta que é difícil encontrar toda reunida, desde a chamada sala limpa com qualidade de ar perfeita para investigação, até aos microscópicos que permitem ver com pormenor os átomos e encontrar respostas que permitem inovar. Existem vários, mas dois deles são as coqueluches do espaço, valendo cada um cerca de cinco milhões de euros.

INL
Microscópio eletrónico de transmissão, que vale cinco milhões de euros.

General Motors aposta no hidrogénio com visão nacional

O INL colabora com várias empresas nacionais e internacionais, que contam com observação até ao nível de átomos para perceber com pormenor o comportamento dos materiais e escolher o caminho certo para implementar novas tecnologias. Um desses exemplos é a General Motors. O INL trabalha com o gigante automóvel norte-americano em células combustíveis para tornar possível o uso de hidrogénio nos automóveis (em vez de usarem apenas baterias, podem ser abastecidos com hidrogénio).

A parte crucial das células combustíveis são os chamados catalisadores, que promovem as reações – são partículas muito pequenas, na ordem dos nanómetros. “É crucial tentar caracterizar essas nanopartículas, tentar perceber qual a sua estrutura a nível atómico, qual a sua composição e como os elementos estão distribuídos nas partículas, porque isso irá definir as propriedades do material”, explica Paulo Ferreira.

Foram feitas várias experiências, para tentar perceber o comportamento das células combustíveis como se estivessem integradas num automóvel. Com os microscópicos conseguem dar o feedback que permite à empresa alterar processos de fabrico e tornar a tecnologia de hidrogénio nos automóveis uma realidade cada vez mais convincente. “Nestas indústrias de ponta precisam deste tipo de informação continuamente para saber qual o rumo certo a seguir no desenvolvimento tecnológico”, adiante o investigador.

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Samsung testa novos materiais nos smartphones

A Samsung também já recorreu aos serviços do INL para melhorar a qualidade dos seus produtos, num projeto secreto, onde os materiais enviados para análise não foram idenficados por motivos de segurança. “Não posso falar muito no projeto, por questões de confidencialidade”, começa por dizer Paulo Ferreira. O investigador explica, depois que nos dispositivos eletrónicos como os smartphones há ligações entre os transístores, feitas através de linhas de cobre, muito finas, na ordem dos nanómetros.

A Samsung tem desenvolvido e testado linhas com materiais diferentes do tal cobre e o INL está a dar feedback sobre o comportamento desses elementos. “São linhas que aquecem bastante durante o processamento e analisamos o que ocorre no material durante esse aquecimento”, indica Paulo Ferreira, acrescentando que já houve situações de processamento que não estão de acordo com o que deve ser feito e, assim, a Samsung é obrigada a alterar os processos e enviar de novo amostras para o INL. “Quando uma empresa destas modifica um processo, estamos a falar de muitos milhares de dólares, por isso têm de ter a certeza absoluta do que está a acontecer para poder decidir qual o passo a seguir”, indica o investigador.

Já no que diz respeito ao futuro, o INL quer continuar a crescer e a inovar em áreas como computação quântica, saúde, alimentação, ambiente e energias renováveis.

(Pode ler a primeira parte da reportagem aqui)

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