Crianças aprendem a programar a partir de casa

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    Foto: Annie Spratt via Unsplash

    Plataformas de ensino de programação adaptam-se para ensinar miúdos em casa. Apoio também chega aos professores.

    Com o mundo dependente da tecnologia para continuar a aprender e trabalhar, há quem faça pequenas alterações para não parar de ensinar mesmo com o encerramento das escolas. No caso de plataformas como a Ubbu ou a Teckies, dedicadas ao ensino da programação e robótica a crianças, o mundo digital é um ecossistema em que estão como peixe na água, mas a pandemia motivou-as a mudanças no contacto com os alunos.

    No caso da Teckies, cujo principal mercado é a formação na área da robótica, Patrick Gotz explica que não era possível manter o núcleo do negócio – o contacto presencial com os robôs. A solução encontrada foi a antecipação do lançamento a um preço mais reduzido da plataforma Robot Garden, que ensina a programar de forma autónoma, para que cada criança possa aprender ao seu ritmo em casa. “É uma plataforma que custa 12 euros por ano. Começam com blocos nos mais novos e para o 5.º e o 6.º ano podem aprender a programar em Python e JavaScript”.

    Nas três semanas desde o lançamento, já foram registadas 150 adesões, com “uma boa percentagem de raparigas”. Sempre que surgem as dificuldades em casa, é possível contactar um dos professores da Teckies, através de plataformas como o Skype.

    O caso da Ubbu, plataforma de ensino de programação para crianças dos 6 aos 12 anos, é ligeiramente diferente. “Já era uma ferramenta-chave na mão, online, que podia ser usada pelos alunos em casa” como apoio ao trabalho desenvolvido na escola, explica João Magalhães, CEO da Ubbu. Com as escolas fechadas, a empresa decidiu melhorar a experiência da ferramenta Home School, para manter “os miúdos ocupados de forma útil”. Os novos registos de professores e pais na plataforma é agora mais fácil, com uma formação menos intensa. Desde que a solução remota foi disponibilizada, em março, a Ubbu aponta números de utilização na ordem dos dez mil alunos.

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    No caso de ambas as plataformas, não basta apenas ensinar os mais pequenos – há ainda o apoio prestado a professores e educadores. Patrick Gotz tem já na agenda uma “série de formações para professores em Google Classrooms”, reconhecendo que alguns docentes “foram apanhados totalmente ‘descalços’” e que “não é em três semanas que se muda a forma de ensinar”.

    Também a Ubbu disponibiliza materiais de apoio a professores, numa altura em que muitos estão à procura de plataformas e estratégias para envolver os alunos.

    Para o CEO da Ubbu, o início do próximo ano letivo trará mudanças à forma como as STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) são vistas nas escolas. “Acredito que esta transição tão rápida e sem tempo necessário para preparar tudo causou muitas dores, mas também obrigou a uma aceleração de algumas tendências de introdução digital e adoção de novas ferramentas. A introdução da tecnologia [nas escolas] vai dar um salto enorme.”

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