Konica Minolta juntou mais de mil parceiros para revelar as tendências do trabalho do futuro. Inteligência artificial ou realidade aumentada vão tornar funcionários mais qualificados.
Era uma empresa de lentes quando chegou à lua com Neil Armstrong e Buzz Aldrin em 1969. Cinquenta anos depois, é pelas impressoras que a Konica Minolta é conhecida, mas não é por isso que descarta uma nova missão espacial. A tecnologia de ponta que a companhia de origem japonesa está a desenvolver pode colocar em breve a Konica Minolta num foguetão para Marte.
A convicção é de Vasco Falcão, diretor-geral da empresa para Portugal e Espanha. “A Konica Minolta tem 150 anos mas há um espírito de startup, com um foco muito grande em inovar e criar protótipos. Agora estamos a lançar tecnologia com base na Internet das Coisas (IoT) e dispositivos sensoriais. Mostramos aos parceiros os projetos na fase inicial, para que eles saibam o que vão poder disponibilizar aos clientes dentro de um ou dois anos”, explica em entrevista ao Dinheiro Vivo, à margem do evento European Leadership Campus (ELC), que juntou mais de mil parceiros da marca em Copenhaga.
Na capital dinamarquesa, a Konica Minolta montou uma mini- cimeira tecnológica, dedicada exclusivamente à sua visão sobre o escritório do futuro, onde não falta realidade virtual e aumentada ou inteligência artificial cognitiva.
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“As novidades estão relacionadas com as mudanças que nós acreditamos que o mundo vai enfrentar nos próximos anos, nomeadamente o impacto que o digital terá nos ambientes de trabalho e na forma como prestamos serviços.”
Um dos protótipos mais populares do ELC foram as lentes que permitem aos trabalhadores receber instruções à distância. “Uma empresa que precise de um trabalhador na linha da frente de um processo complexo, dá-lhe as lentes, que estão ligadas a uma central onde estão especialistas, que podem estar na Índia ou nos EUA, e é como se o trabalhador fosse as mãos do técnico que está na central. E isto permite uma enorme rapidez de aprendizagem e de resposta às necessidades dos clientes, essencial numa altura que as empresas lutam por recursos qualificados.”
Para Vasco Falcão, este tipo de tecnologia servirá para “acabar com o mito de que os robôs vão ficar com os nossos empregos”. Segundo o responsável da Konica Minolta, a empresa olha para a máquina como aperfeiçoadora, e não substituta, do ser humano.
Regresso ao futuro
Vasco Falcão lidera a Konica Minolta Portugal desde 2008, mas foi cinco anos antes que a empresa passou por uma reviravolta que podia ter acabado mal. O culpado foi Steve Jobs. “O nosso negócio eram as máquinas fotográficas e, de repente, com a chegada do iPhone, toda a gente passa a ter uma máquina fotográfica no telefone. Felizmente, conseguimos perceber a tempo que íamos ficar sem negócio”, recorda.
Admite que foi um período “duro” para a empresa, que teve de se reinventar, apontando o foco para as impressoras e a gestão documental. Por isso, quando questionado sobre o futuro do negócio da impressão em papel na era da passagem para o digital, Vasco Falcão assume que “daqui a 20 ou 30 anos a produção da Konica Minolta poderá ser totalmente diferente”, se em causa estiver a sobrevivência.
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“Como qualquer empresa de tecnologia, tentamos antecipar o futuro. Implica correr riscos, chegar antes dos outros e investir antes. Por exemplo, há muitos anos que antecipámos a importância das compras online e criámos uma unidade de negócio só para impressão de etiquetas nas encomendas, que hoje é fulcral para o negócio.”
Sem revelar as tendências que a empresa está a antecipar para os próximos anos, o diretor-geral da Konica Minolta adianta apenas que Portugal vai estar na linha da frente da inovação mundial da empresa. No ano passado, a KM inaugurou um centro de inovação em Lisboa que já está a dar frutos.
“É cada vez mais procurado. Já tivemos equipas de japoneses a viver em Portugal durante meses, passavam dia e noite a testar tecnologia e a comparar com as necessidades do mercado. Para testes, a escala de Portugal é perfeita”, remata. A KM Portugal conta faturar mais de 30 milhões de euros neste ano.
A jornalista viajou para Copenhaga a convite da Konica Minolta
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