Taiwan ganha força como destino de exportação de tecnologia feita em Portugal

    Ilustração: Vitor Higgs.

    Alemanha é o principal destino das exportações de mercadorias TIC, mas Ásia ganha peso. Em 2017, exportações para Taiwan somaram 216 milhões de euros.

    É para o país de Angela Merkel que está virado um número significativo das exportadoras de tecnologias de informação e comunicação (TIC) portuguesas, mas os últimos anos trouxeram mudanças e Taiwan está a ganhar peso crescente para o talento e a tecnologia made in Portugal, mostra um estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia (GEE).

    Em 2017, as exportações portuguesas de TIC para a Alemanha atingiram 600 milhões de euros, mas Taiwan está a crescer exponencialmente e já vale 216 milhões de euros, sendo agora o segundo maior destino de exportações de tecnologia nacional, ultrapassando a Espanha. Em 2015, os valores deste tipo de exportações para Taiwan rondavam os dez milhões de euros. No ano seguinte, Portugal enviou para este ponto do globo mercadorias no valor de 110 milhões de euros; um ano depois, o valor mais do que duplicou.

    A Europa pode dominar, mas o mercado asiático ganhou já uma fatia de 15% das exportações de TIC portuguesas. Até há poucos anos, a presença asiática na lista dos principais destinos de exportação de mercadorias TIC é praticamente inexistente, mas o cenário sofreu alterações consideráveis nos últimos três anos. Juntamente com África, com destaque para o mercado angolano, e a América do Norte, a presença asiática representou, em 2017, quase um quarto das exportações portuguesas de tecnologias de informação.

    Nesta categoria de mercadorias há um produto campeão: os autorrádios. Os dados do GEE apontam que só as exportações de autorrádios tenham chegado a 660 milhões de euros em 2017. O segundo produto mais exportado, embora com menor representatividade, são os circuitos integrados, seguido por partes de radiotransmissores, telefones sem fio e antenas. Embora alguns dos produtos revelem um comportamento estável nas exportações ao longo dos últimos anos, dois deles perderam expressão: os acessórios para processamento de dados e os dispositivos semicondutores.

    Área dos serviços cresceu

    Além das mercadorias TIC, mais viradas para os componentes, o retrato feito pelo GEE sublinha também a prestação de serviços da área das tecnologias de informação. Entre 2008 e 2017, o comércio português deste tipo de serviços registou um crescimento de 75,5%. O saldo comercial da área foi positivo, atingindo 510 milhões de euros em 2017. Dentro da categoria de prestação de serviços TIC são contabilizados as telecomunicações, serviços informáticos e de informação.

    Se há uns anos eram as telecomunicações a registar melhores resultados; nos últimos anos é a área das exportações dos serviços informáticos que está em expansão. De um saldo negativo, registado de 2008 a 2011, o ano de 2012 representa uma viragem para a área dos serviços, atingindo um saldo de 454,8 milhões de euros em 2017.

    Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, acredita que o dinamismo deste setor dos serviços informáticos irá manter-se ao longo dos próximos anos.
    “Temos angariado muitos centros de serviços e centros de desenvolvimento de software, que vêm de fora. Todos estes centros não prestam quase serviços em Portugal, estão a prestar apoio a dois tipos de clientes: ou às casas-mãe ou a clientes internacionais, e estão a usar talento de desenvolvimento português para prestar serviços pelo mundo fora, o que vai ter cada vez mais impacto nas exportações”.

    O presidente da AICEP destaca a capacidade do talento português, que tem desempenhado um papel relevante na capacidade de atração destes centros. “Os centros estão a seguir a disponibilidade de talento e vão continuar a estar ligados a grandes polos universitários. Todos os sítios onde temos polos universitários, seja a norte, sul ou no interior, vão ver este género de serviços a crescer à sua volta, disso não tenho dúvidas.”

    Mais empresas sediadas em Lisboa

    Há uma forte assimetria na distribuição das empresas do setor das tecnologias de informação pelo território nacional, mostra o estudo do GEE. As empresas concentram-se maioritariamente em três distritos: Lisboa, Porto e Braga.

    A capital tem uma posição dominante, servindo de sede a 40,7% das empresas da área das TIC, segundo os dados, datados de 2018, a partir do Informa D&B. O Porto, segundo distrito do ranking, concentra 17,1% das empresas. O distrito de Braga situa-se no terceiro lugar do pódio, com 5,3% das empresas da área tecnológica.

    Com unidades territoriais mais amplas, o panorama altera-se: a Área Metropolitana de Lisboa concentra 48% das empresas, mas a região norte ganha peso nesta escala. Agregando as cidades de Porto, Braga, Aveiro ou Viana do Castelo, a região serve de sede a 28% das empresas TIC.

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