Desde abril, as maiores empresas da área da tecnologia multiplicam-se em aquisições. Esta semana, Facebook, Apple e Microsoft voltaram a ir às compras, aproveitando também o boom tecnológico gerado pela pandemia de covid-19 para crescer.
O ano ainda nem vai a meio e a contagem das aquisições feitas pelas gigantes da tecnologia aumenta a cada dia, mesmo com o cenário de uma pandemia global. Desde o mês passado, algumas das principais empresas da área já gastaram mais de 9 mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros) nestas movimentações de negócios, potenciadas pelo boom da internet gerado pelo confinamento resultante da pandemia de covid-19. E o valor real deverá mesmo ultrapassar largamente este montante, já que em vários casos não são revelados valores concretos da operação.
Muitas das aquisições que entram para a lista dos maiores negócios tecnológicos desde abril são feitas com um intuito estratégico. A dona da plataforma de videoconferência Zoom, por exemplo, anunciou a compra de uma especialista de encriptação, depois de terem sido reveladas vulnerabilidades de segurança. Já a Apple apostou na realidade virtual, dando indícios de que quer fincar pé no segmento do entretenimento. Há muito que a tecnológica tem vindo a mostrar que quer ser uma empresa também de serviços e não apenas a criadora do Macbook ou do iPhone.
Facebook compra plataforma Giphy
Esta sexta-feira, dia 15, o Facebook anunciou a compra da plataforma de GIF Giphy, que será integrada na rede social Instagram. As duas empresas são há muito conhecidas: a biblioteca da Giphy faz parte dos conteúdos multimédia da família de aplicações detida por Mark Zuckerberg (Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp).
Na publicação onde deu conta da compra, era indicado que esta família de apps representava 50% do tráfego total da plataforma Giphy, criada em 2013. A Giphy será integrada no Instagram, que é uma das maiores fontes de tráfego para a plataforma.
Os valores de aquisição não foram oficialmente divulgados, mas o site Axios, o primeiro a divulgar a informação, estima que ronde os 400 milhões de dólares.
Apple e a realidade virtual
A Apple anunciou a aquisição da NextVR, uma empresa da área da realidade virtual. Embora não seja especificados valores, o site 9to5mac estima que esta transação ronde os 100 milhões de dólares. Este valor, em comparação com outros negócios da área, parece relativamente modesto, mas costuma ser esta a abordagem da Apple, conforme indicou o porta-voz da empresa à CNBC. “A Apple compra empresas de tecnologia mais pequenas de vez em quando e geralmente não discutimos quais são os planos ou propósito para o futuro”.
A NextVR é uma startup da Califórnia que tem produzido eventos em direto ou mesmo gravados em realidade virtual. O site da empresa fala numa “nova direção”, o que sugere que a empresa poderá não continuar a atuar de forma independente da Apple.
Microsoft aposta nas telecomunicações
Um dia antes do anúncio do Facebook, era a vez de a Microsoft anunciar o regresso às compras: a tecnológica de Redmond vai comprar a britânica Metaswitch Networks, por um valor que oficialmente não foi divulgado. A empresa dedica-se a software de comunicações na cloud, destacando-se na área das telecomunicações.
Este ano, a Microsoft já apostou na compra de outra empresa de telecomunicações, mais focada no 5G, a Affirmed Networks. A pouco e pouco, a empresa dá mostras de estar cada vez mais focada no apetitoso mercado da quinta geração de redes móveis, que até 2025 poderá contar com 2,8 mil milhões de subscrições.
VMware anuncia a compra da Octarine
É outro dos casos em que não foi revelado o montante da aquisição, anunciada também esta semana. A VMware vai comprar a startup Octarine, que está dedicada à área da segurança de aplicações. A empresa anunciou ainda que a equipa da Ocatrine seria integrada rapidamente na unidade de cibersegurança Carbon Black.
Zoom quer reforçar segurança com a Keybase
A plataforma de videoconferência Zoom teve dois momentos durante a pandemia: uma impressionante escalada de utilizadores – os números mais recentes dão conta de 300 milhões de participantes em reuniões – e o reconhecimento de que há muito a trabalhar na área da segurança da plataforma.
Depois de as vulnerabilidades do Zoom serem expostas, a empresa anunciou um plano de 90 dias para repensar a segurança e responder às preocupações dos utilizadores. Esta aquisição está ligada a esses planos, já que a Keybase atua na área da encriptação.
O Zoom não divulgou qual é o montante desta aquisição, anunciada também em maio.
Sinch compra uma unidade da SAP
A Sinch, empresa sueca de comunicações cloud, anunciou no início de maio a compra da unidade mobile SAP Digital Interconnect, por 240 milhões de dólares. Esta não é, aliás, a primeira compra da Sinch este ano: já comprou o serviço de mensagens brasileiro Wavy ou a empresa ChatLay, de conversação com inteligência artificial.
Intel dá 900 milhões pela app Moovit
A Intel anunciou também já este mês a compra da empresa israelita Moovit, dedicada à área da mobilidade e dona de uma aplicação com o mesmo nome. A área da mobilidade tem vindo a ganhar destaque no negócio da Intel, habitualmente mais conhecida pelo fabrico de processadores para equipamentos tecnológicos.
As competências da Moovit, que permite planear viagens recorrendo a transportes públicos ou veículo próprio, integrará a área de software de assistência em viagem da Mobileye (que também foi comprada pela Intel em 2017).
NVIDIA com o maior valor de compra: 6,9 mil milhões
A fabricante NVIDIA anunciou a compra de duas empresas: a Mellanox e a Cumulus Networks. Embora só tenha sido revelado o montante de aquisição num dos casos, é o maior valor desta lista: a NVIDIA deu 6,9 mil milhões de dólares pela Mellanox, mais focada no negócio de data centers.
Tanto a compra da Mellanox como a da Cumulus permitem à tecnológica consolidar a presença na área de hardware e software para o mundo de data center.
Verizon fica com a BlueJeans
A operadora de telecomunicações americana Verizon anunciou, em abril, a compra da BlueJeans, uma empresa de videoconferência para o mundo empresarial. O valor oficial não foi divulgado, mas o The Wall Street Journal referia na altura que rondará 500 milhões de dólares.
A empresa pode não ser tão conhecida quanto rivais como o WebEx da Cisco, ou até o Zoom (que começou como uma empresa dedicada ao mundo empresarial), mas mostra que a Verizon está interessada neste segmento de negócio, que possibilita um leque alargado de integrações em várias indústrias.
Cisco compra Fluidmesh
A Cisco anunciou em abril a compra de uma empresa da área da Internet das Coisas, a Fluidmesh. Também não foi divulgado qual o montante do negócio, mas é certo que será uma forma de a Cisco expandir a área de IoT, já que a Fluidmesh permite estabelecer ligações entre sensores colocados em objetos que se movem com alguma velocidade, desde a área dos transportes até à indústria.
Accenture aposta na segurança
É outro dos casos em que não foi revelado o montante envolvido no negócio, mas a consultora já deixou claro pelas suas aquisições que está a focar-se na área da cibersegurança.
Em abril, a Accenture anunciou a compra da Revolutionary Security, uma empresa americana que desenvolveu uma plataforma para mitigação de vulnerabilidades e testes de segurança.
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