Quando apareceu o disco compacto (CD), no início dos anos 80 do século XX, quase todos previram que o tempo do vinil tinha chegado ao fim. O CD tinha um tamanho mais pequeno, era mais resistente, tocava mais tempo e segundo os seus inventores, Sony e Philips, teria “o som perfeito para sempre”.
Os gira-discos foram, gradualmente, desaparecendo das lojas de alta fidelidade e os que ainda existiam em casa das pessoas foram remetidos para os sótãos. Estima-se que no final da década de 80 fossem produzidos cerca de 400 milhões de CD todos os anos. Entretanto, o austríaco Heinz Lichtenegger terminava o seu projeto para um gira-discos e fundou, em 1991, a empresa que os iria construir – a Pro-Ject.
Contra todas as expectativas, o primeiro gira-discos Pro-Ject P1 haveria de ser uma história de sucesso para a recém-criada companhia. Passados 30 anos, a Pro-Ject, cujos gira-discos são fabricados na República Checa e na Eslováquia, lançou o novo modelo X-1, que a marca considera um descendente direto do P1 original. “Pegámos no design do Pro-Ject 1 original e melhorámos em todos os aspetos, graças aos novos materiais e métodos de produção”, revela Lichtenegger. O segredo do sucesso do Pro-Ject P1 foi a sua simplicidade e o preço. Os gira-discos tinham-se tornado máquinas complexas, era frequente ser necessário recorrer a técnicos especializados mesmo até só para a sua instalação em casa.
O novo X-1 manteve a simplicidade do P1 e é muito fácil de instalar, pois já vem praticamente todo montado: só temos de pôr a correia e os cerca de 1,5 quilogramas de acrílico fosco maquinado num prato perfeito que, segundo a marca, é livre de ressonâncias; a agulha é uma Ortofon Pick it S2 MM e já vem na cabeça. Depois é colocar o peso anti-deslizante e calibrar o contrapeso, tudo muito fácil seguindo as instruções fornecidas. Para mudar a rotação de 33⅓ para 45 rpm é só pressionar um botão. Mudar para 78 rpm é um pouco mais complicado, já que envolve retirar o prato e mudar a correia para outra roldana. Mas, quantos discos de 78 rpm alguém ainda terá para ouvir?
A precisão de um gira-discos é determinante para a reprodução musical, como tal colocámos o LP “Gymnopédies”, de Eric Satie, e as notas do piano pareciam suceder-se num tempo perfeito: a exigência deste disco prende-se com o facto de ser tocado muito devagar, tornando fácil detetar incoerências temporais. O som de um piano não é fácil de reproduzir por um sistema de som, no entanto, o “ataque” das notas e o seu “decay” na interpretação de Jean-Joël Barbier soou quase tão bem como numa performance ao vivo. E isso foi motivo suficiente para tirar o pó à coleção de discos e voltar a sentir o prazer de ouvir música sem pressas.
Preço: 699 euros, disponível na OnOff.