O mercado dos relógios inteligentes nunca se revelou tão grande quanto muitos antecipavam, mas continua a haver espaço para novas entradas. Conheça a Viita.
Estávamos num sofá no evento DLD Tel Aviv quando Michael Kaisergruber se sentou ao nosso lado. Este empreendedor, de 40 anos, tinha trabalhado os últimos três como consultor. Agora a sua missão é outra: promover um smartwatch num mercado que além de ser difícil, é dominado pela Apple.
Michael é diretor de estratégia da Viita, uma startup austríaca de hardware e que fabrica relógios inteligentes. O primeiro modelo, que tem o mesmo nome da empresa, começa a ser enviado esta semana aos compradores.
Mas não era esse o relógio que estava a brilhar no pulso do austríaco. O que Michael tinha consigo era o Viita Titan HVR, o novo modelo topo de gama da empresa e que está a fazer furor na plataforma de financiamento colaborativo Kickstarter.
Em menos de dois dias, o relógio já tinha angariado 200 mil dólares, o equivalente a 171 mil euros. À hora de publicação deste artigo, o valor total ascendia a 300 mil dólares, cerca de 255 mil euros – e ainda faltam 18 dias para o final da campanha.
“Nós não estamos a competir com o Apple Watch. O relógio da Apple tem um grande problema, que é ignorar por completo os utilizadores do Android”, começou por dizer Michael Kaisergruber em entrevista à Insider.
“Estamos mais concentrados no desporto e na área da saúde, enquanto a Apple tem o relógio que faz tudo e é mais sobre conectividade, é uma extensão do teu iPhone. Nós somos o treinador pessoal no teu pulso”, acrescentou.
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Os grandes rivais da Viita, segundo o diretor de estratégia, acabam por ser empresas como a Garmin, que também têm um maior foco nos utilizadores que procuram equipamentos dedicados para atividade física.
O Viita Titan HVR vem equipado com um sistema de inteligência artificial que diz ao utilizador qual deve ser a intensidade do seu treino, mediante os objetivos definidos. Com uma monitorização constante do ritmo cardíaco do utilizador e dos seus movimentos, este relógio também calcula qual a taxa de stress e os níveis de recuperação.
“O melhor cenário é aquele em que usas sempre o relógio, mas não é obrigatório”, explicou o porta-voz da Viita.
O relógio tem ainda um algoritmo de hidratação, uma ferramenta que calcula a quantidade de água que deve ser ingerida mediante o esforço físico que cada um faz. Diz a Viita que um corpo desidratado tem performances até 20% piores em termos físicos. E por falar em performance, o relógio consegue reconhecer até 19 atividades físicas de forma automática.
Outro aspeto interessante dos relógios da Viita é que têm o seu próprio sistema operativo. Não são baseados no Wear OS e essa foi uma escolha feita acima de tudo para alcançar resultados que o software da Google não entrega, sobretudo na longevidade da bateria.
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Um ponto no qual o Viita promete destacar-se é na autonomia – justamente um dos calcanhares de Aquiles da maior parte dos relógios inteligentes. Com uma bateria que deverá garantir duas semanas de utilização, este relógio ganha pelo facto de focar-se em menos funcionalidades, ainda que garanta notificações de chamadas, SMS e serviços sociais como Facebook e WhatsApp.
No Kickstarter o relógio está com um preço de 350 euros, o que representa um desconto significativo face aos 600 euros que vai custar após o final da campanha.
Além do dinheiro angariado no Kickstarter, a Viita também espera atrair a atenção de alguns parceiros. “Existem distribuidores que monitorizam o Indiegogo e o Kickstarter”, explicou Michael Kaisergruber.