Vai ter um televisor 8K em casa mais rápido do que imagina – e explicamos porquê

O Consumer Electronic Show (CES), um dos maiores eventos internacionais de tecnologia, colocou os televisores 8K nos píncaros do mundo. Os números contrariam aqueles que chamam estes equipamentos de pura fantasia:  em 2021 já serão vendidas dois milhões de TV 8K.

São os melhores televisores que o mercado alguma vez viu, mas têm preços proibitivos. As imagens são hiper-realistas, mas o conteúdo nativo para estas TV é quase inexistente. Serão os televisores 8K a próxima grande tendência tecnológica que não vai estar à altura das expectativas?

Nathan Sheffield, diretor de produtos da Samsung na Europa, acredita que esse cenário não vai acontecer e diz porquê: os televisores 8K vão chegar mais rápido a casa dos consumidores do que eles pensam.

“A razão pela qual estamos a lançar televisores 8K é porque estamos a ver a procura aumentar por televisores de tamanhos maiores. Com ecrãs maiores, a resolução torna-se cada vez mais importante”, começa por dizer o executivo da gigante sul-coreana.

Um televisor 8K tem 33 milhões de píxeis, com os tamanhos a começarem nas 60 polegadas e a irem até às 98 polegadas de diagonal, dependendo do fabricante em questão. Para ter uma noção da resolução da qual estamos a falar, uma TV 8K tem quatro vezes mais píxeis do que os televisores 4K (Ultra HD) e 16 vezes mais do que os televisores Full HD.

Veja também | À procura de uma TV 4K? Com estas não vai gastar muito dinheiro

LG, Sony, Sharp, Samsung, TCL e HiSense são algumas das marcas mais conhecidas do mercado que já embarcaram na aventura do 8K e que, sobretudo durante o CES 2019, mostraram que esta é uma aposta para os próximos tempos.

Os primeiros televisores 8K comerciais foram revelados apenas em agosto de 2018 – uma novidade que a Insider revelou em primeira mão -, mas são poucos os que até agora estão disponíveis para venda. Em Portugal, a única marca que vende equipamentos desta gama é a Samsung e os preços variam entre os 5 mil e 15 mil euros.

Pela raridade que ainda são, pelos preços exorbitantes que têm e pela falta de conteúdos nativos, existem vários críticos sobre o timing da aposta em televisores com tamanha resolução. O site The Verge publicou um artigo no qual, baseando-se nos argumentos já referidos e noutras questões, chama os televisores 8K de “fantasia”. Será mesmo assim?

Nathan Sheffield usa a história e os números do mercado para defender a decisão que a sua empresa tomou. Além da procura dos consumidores por televisores cada vez maiores, críticas semelhantes ouviram-se quando as resoluções Full HD e Ultra HD chegaram ao mercado.

“Quando lançámos o Full HD, sete anos depois representava 70% do mercado. Em 2013, quando lançámos o Ultra HD, as pessoas perguntaram exatamente a mesma coisa – ‘porque estão a lançar o 4K?’. Se vires, em termos de valores, o Ultra HD demorou cinco anos a representar 80% do total do mercado de televisores”.

Ou seja, a evolução tecnológica tem acelerado a chegada de tecnologias premium às mãos de um grande número de consumidores. “O que isto nos diz é que há sempre procura para a melhor experiência de TV que consigas ter”.

Dados recolhidos pelo Dinheiro Vivo em junho de 2018 revelavam que os portugueses estão a comprar televisores com ecrãs entre 45 e 55 polegadas e resolução Ultra HD (4K). Sobre o campo específico da resolução, a LG dizia na altura que os televisores 4K representavam, em valor, 55% das suas vendas; a Samsung apontava para os 60%; e o retalhista Worten para os 50%.

O exemplo das tecnologias passadas leva a crer que, nos próximos cinco anos, comprar um televisor com resolução 8K pode não ser um sonho assim tão distante. Nathan Sheffield, citando números da consultora IHS, revelou que em 2019 serão vendidos entre 52 e 100 mil televisores 8K e daqui a dois anos, em 2021, o número já será de quatro a cinco milhões de unidades.

“O que aprendemos com o mercado é que podemos sempre exceder estas expectativas. No passado, quando tivemos estas previsões, o mercado superou-as sempre”.

E uma tendência que se poderá verificar nos próximos anos é a de consumidores que têm televisores Full HD e vão ‘saltar’ diretamente para o 8K.

“O ciclo de troca é, em média, na Europa, de sete a oito anos para televisores. Se pensares que os consumidores têm um televisor Full HD, mas depois querem o melhor televisor que podem comprar e querem que isso seja extensível para o futuro para os próximos sete a dez anos. Porque não comprarias um televisor 8K? É o melhor do mercado”.

Veja também | O televisor dobrável da LG é real e pode ser comprado já nos próximos meses

Já sobre o caso específico da falta de conteúdos – uma realidade difícil de contrariar -, a aposta dos fabricantes está em tecnologias de upscaling, que usam processadores poderosos e software com capacidade preditiva para melhorar adaptar imagens de resoluções menores para o formato 8K.

“Os consumidores podem comprar televisores 8K com a confiança de que o conteúdo 8K nativo vai chegar, como aconteceu no passado com os conteúdos Full HD e Ultra HD”, sublinha ainda o executivo com 14 anos de experiência no mercado dos televisores.

Agora que os televisores 8K estão aí, a questão inevitável: o que se segue, televisores 12K?
“Vamos focar-nos no 8K de momento, mas penso que isso é apenas uma resolução. Outro elemento crítico é a inteligência artificial e obviamente isso abre todo um novo mundo de oportunidades”.

21 sugestões de conteúdos para ver na sua TV 4K