O estúdio britânico Ustwo conquistou o mundo com o seu jogo Monument Valley. Agora deixou-se conquistar por Lisboa e pelo talento dos designers e programadores portugueses.
A empresa britânica Ustwo vai mesmo avançar com a criação de um estúdio de desenvolvimento em Lisboa. Depois de a Insider/Dinheiro Vivo ter avançado a informação em novembro, na época da Web Summit, a tecnológica confirma agora que já está a fazer contratações e que espera recrutar dez designers e programadores em 2019.
“Estamos a começar um estúdio de desenvolvimento de produto em Lisboa”, confirmou Carsten Wierwille, diretor executivo da empresa. “Portugal é um daqueles sítios onde há bom talento e que nem sempre foi devidamente valorizado. É um bom local para criarmos um escritório”, explica.
O nome Ustwo pode não ser conhecido pela maioria das pessoas, mas junto da comunidade tecnológica é um dos mais respeitados no mundo. A empresa já foi premiada pela Apple, distinguida por publicações como a Time e tem clientes como a Ford, Samsung, Sky, Nike, Google, Inditex e Qantas.
E muito graças a um dos seus produtos-sensação, o videojogo Monument Valley, para dispositivos móveis. Apesar de este ser o ex libris, a empresa trabalha outras áreas específicas, como a indústria automóvel, as experiências imersivas (realidade virtual e aumentada) e o segmento da saúde.
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A área da saúde vai ser, aliás, aquela na qual a equipa portuguesa vai estar focada, com Carsten Wierwille a não descartar a possibilidade de no futuro estar envolvida em outros projetos. O CEO confirmou ainda qual vai ser o primeiro cliente servido pelo estúdio lisboeta: a gigante alemã Fresenius Medical Care.
“É uma área interessante onde começamos a ver as tecnologias digitais a serem cada vez mais usadas para ajudar os pacientes e para dar apoio aos clínicos.”
Sem revelar o valor que o investimento em Lisboa representa, o CEO da Ustwo diz que durante os meses de abril e maio já deverá ter um escritório na capital. “Se estiver a correr bem, teremos todo o prazer em acelerar [as contratações].”
“A equipa em Lisboa vai trabalhar de muito perto com o nosso estúdio em Londres, penso que é uma colaboração que faz sentido para nós e estamos habituados a ter equipas distribuídas em diferentes localizações, mas queremos testar isto primeiro e garantir que corre bem, antes de escalarmos de forma demasiado agressiva.”
Carsten Wierwille admite que parte do interesse por Portugal tem motivos pessoais. “Passei a minha lua-de-mel aí, há quase 20 anos, e voltei em junho [de 2018], estive no Porto. Ficamos impressionados com as mudanças que aconteceram em Portugal, a recuperação económica, a cultura. O país tem uma longa tradição de arte, mas que ainda não tinha sido transposta para a tecnologia.”
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