De Fernão de Magalhães ao criador da internet: Dia zero da Web Summit 2018

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Tim Berners Lee, pai da internet, lançou iniciativa global pela internet livre subscrita por Google e pelo governo francês e António Costa lembrou o navegador Fernão de Magalhães. É o resumo do início da Web Summit.

Tudo começou com Paddy Cosgrave a falar na paixão por Portugal que faz a Web Summit ficar mais 10 anos na capital portuguesa. O irlandês CEO do evento agradeceu aos voluntários de mais de 60 países e aos mil oradores dos próximos dias e até pediu, como habitualmente, que os 15 mil presentes no tiro de partida da Web Summit, ao final de tarde desta segunda-feira na Altice Arena, ficassem a conhecer três pessoas ao seu lado. É o networking em funcionamento, ou não fosse esse um dos objetivos de Cosgrave no evento a que chamou “o local na Terra com mais empreendedores reunidos”

O primeiro orador foi Tim Berners-Lee. O inventor da World Wide Web (WWW) quer que cidadãos, governos e empresas trabalhem juntos para criar uma internet mais livre e lançou um contrato nesse sentido chamado For The Web, ou #ForTheWeb.

“Precisamos de melhorar metade do mundo [dar internet a quem não tem] e melhorar a outra metade [trazer melhorias à internet que temos]”. Berners-Lee referiu assim à sua nova iniciativa: um contrato de nove pontos que tem como objetivo proteger e melhorar a internet como as pessoas a conhecem.

Alguns dos subscritores do contrato promovido pelo Berners-Lee, estiveram em palco onde se destaca a Google, representada por Jacquelline Fuller, vice-presidente da Google e presidente da Google.org (fundação da empresa californiana). “Devemos colaborar uns com os outros, com governos, organizações e empresas para proteger a internet livre e aberta”, disse a responsável que admitiu que esteve na marcha de funcionários da Google contra o assédio sexual na empresa. No final ainda fez o apelo ao público da Altice Arena: “precisamos de mais mulheres na tecnologia”.

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Quem também subscreveu o contrato do criador da internet foi o governo francês. O ministro do Digital francês admitiu: “Depois da era da era da maturidade da internet vem a era da responsabilidade. Cada um deve poder decidir o que quer para si na Web”.

Seguiu-se Lisa Jackson, responsável ambiental da Apple (que teve um papel semelhante administração do ex-presidente norte-americano Barack Obama), que falou na importância da inspiração e educação. “A inspiração levou-me há cinco anos para a Apple”, admitiu. Depois lembrou que “os líderes das empresas e dos Estados devem saber que não há conflito entre um planeta saudável e um objetivo comercial saudável”, dando o exemplo da sua empresa: “somos uma das mais valiosas empresas do mundo e temos uma grande preocupação ambiental”, “cuidado com o ambiente não é inimigo do lucro”. Disse ainda que a Apple usa já energia limpa em todos os seus escritórios e tem 330 milhões de euros para convencer os fornecedores na China a fazerem o mesmo. Também revelou que o novo MacBook Air da marca é feito com alumínio 100 por centro reciclado.

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O realizador de cinema Darren Aronofsky de filme como Black Swan ou The Wrestler falou nas novas formas de contar histórias em realidade virtual e apelou ao voto nas eleições norte-americanas desta terça-feira nos políticos que acreditam na ciência. Já António Guterres, secretário-geral das Nações Unidos, apesar de ainda não estar preparado para se encontrar o amor online (está satisfeito por ter encontrado o amor da forma tradicional), admitiu estar preocupado com a automatização das armas na era da inteligência artificial. “As máquinas com capacidade de matar sozinhas devem ser banidas do direito internacional”, pediu.

Também exigiu “uma globalização mais justa”. E, embora a “internet e a tecnologia estejam a ajudar a resolver problemas nos locais com maiores problemas”, também há desafios “relacionados com o desemprego que vai existir com a substituição da mão de obra humana por mão de obra robô”. E garantiu: “não estamos a ser rápidos o suficiente para dar conta deste problema que vai chegar em breve”.

Para terminar, o primeiro-ministro António Costa lembrou as aventuras marítimas dos portugueses e que, no próximo ano, cumprem-se 500 anos da primeira circum-navegação ao globo feita pelo português Fernão de Magalhães.

Fernando Medina, o presidente da Câmara de Lisboa, ofereceu mesmo um quadro do navegador a Paddy Cosgrave, momentos antes da contagem para o início oficial do evento com direito a confetis e ao soar dos tambores do grupo Toca a Rufar (em palco já estavam alguns empreendedores portugueses presentes no evento, alguns que não resistiram a tirar selfies com Paddy Cosgrave ou António Costa).

Esta terça-feira é um dia pleno de eventos e conferências, com Tim Berners-Lee a voltar a ser orador, precisamente ao lado da vice-presidente da Google, Jacquelline Fuller. Também estará presente o comissário europeu Carlos Moedas, a CEO do Booking.com Gillian Tans ou mesmo o treinador de futebol André Villas-Boas ou o astronauta Mike Massimino, entre muitos outros. Estaremos atentos.