A Apple pediu formalmente desculpa aos clientes, na sequência da descoberta de que estaria a manter registos das conversações com a Siri, que seriam ouvidas e transcritas por humanos.
A empresa emitiu um comunicado de imprensa, onde o tema em destaque é política de privacidade da Siri, a assistente digital que está presentes nos produtos da Apple. Recentemente, foi noticiado que a Apple estaria a guardar os registos das interações de voz dos utilizadores com a Siri. Esses ficheiros estariam depois a ser revistos por funcionários de empresas externas, contratadas pela Apple. A tecnológica americana indicou, na altura, que a audição destes ficheiros de som serviam para melhoria do serviço.
“Chegámos à conclusão de que não estivemos completamente à altura dos nossos ideais e pedimos desculpa por isso”, é possível ler na comunicação da tecnológica. A Apple garante ainda que, daqui para a frente, “não vai manter os registos de áudio das interações com a Siri, por defeito”. “Mas continuaremos a usar transcrições geradas por computador para ajudar a Siri a desenvolver-se”, é indicado.
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A Apple promete ainda que os utilizadores vão poder decidir se pretendem ajudar a Siri a desenvolver-se com estes pedidos ou não. Ou seja, o utilizador poderá decidir se quer ou não que as suas conversas possam ser ouvidas por alguém, desde que isso justifique a participação no programa de melhoria da assistente da Apple. A empresa indica, no mesmo comunicado, que a quantidade de transcrições revistas por humanos era relativamente baixa – “menos de 0,2% das conversas”.
O terceiro ponto da promessa da Apple para com os consumidores está ligado à possibilidade de, mesmo que os utilizadores queiram participar neste programa, as conversas só serão ouvidas por funcionários da Apple. “(…) Quando os clientes quiserem participar [no programa], só os funcionários da Apple estarão autorizados a ouvir as amostras de som das interações com a Siri. A nossa equipa vai apagar qualquer conversa que tenha sido resultado de uma ativação acidental da Siri”, é possível ler na publicação da Apple.
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Esta decisão de poder participar ou não neste tipo de programa – a que a Apple chama “grading”, algo como classificação, numa tradução livre – vai ter efeitos a partir da próxima atualização de software, que já terá em conta esta mudança.
Segundo uma notícia avançada pelo jornal britânico The Guardian, as empresas externas contratadas pela Apple cederiam vários ficheiros áudio aos respetivos empregados. Alguns deles referiam que ouviam cerca de mil conversas por dia, algumas delas com detalhes privados dos clientes.
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A Apple não é caso único neste tipo de práticas – também foi revelado que a Google, Amazon, Microsoft ou o Facebook estariam a usar sistemas deste tipo, para verificar a qualidade de transcrições automáticas.
A assistente virtual Siri foi lançada em 2010 como uma aplicação independente, criada para o sistema operativo móvel da Apple, o iOS. Mais tarde, a aplicação seria adquirida pela Apple: a integração oficial da assistente digital aconteceu em outubro de 2011, com o lançamento do iPhone 4S. Só mais tarde, chegaria a dispositivos como o iPad ou os computadores da Apple.
Pode ler aqui a comunicação completa da Apple (publicação em inglês).
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