Gigante norte-americana apresentou na semana passada, em Londres, a sua estratégia na área de cloud. Empresas portuguesas, de diferentes áreas, foram lá à procura de novas oportunidades de negócio e rentabilização.
O que têm em comum os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a Blip e a Timestamp? Foram três das 20 empresas portuguesas que marcaram presença naquele que foi o maior evento de sempre da Google na Europa. Totalmente focado em computação cloud e realizado em Londres, reuniu mais de oito mil pessoas em dois dias.
A tecnológica norte-americana está a fazer uma grande aposta na inteligência artificial para tentar conquistar terreno num mercado onde está atrás das rivais Amazon, com o serviço Web Services, e da Microsoft, com a plataforma Azure. Uma estratégia que também envolve o mercado português.
“A procura de mais conhecimento, de explorar novas alternativas e estar a par do que está a acontecer na indústria”. Foi esta a justificação dada por Pedro Batista, diretor de sistemas de informação dos SPMS, para ter levado uma equipa de dez pessoas até ao Reino Unido.
O objetivo é tentar disponibilizar mais ferramentas dos SPMS através da cloud, tecnologia que já domina nas áreas de produtividade e comunicação.
“Estamos a explorar muitas possibilidades, a nível de fazer a transição para cada vez mais termos a oferta dos nossos serviços suportada por cloud”, confidenciando no entanto que a estratégia da entidade pública passa por ter uma infraestrutura tecnológica híbrida: uma parte funciona na cloud, outra funciona em centros de dados próprios.
Já a Blip, empresa detida pela gigante das apostas Paddy Power Betfair, quer justamente migrar alguns dos serviços que têm ‘em casa’, nas chamadas infraestruturas on premise, para a cloud.
“É mais um estudo de mercado neste momento”, diz Francisco Ribeiro, gestor de entrega tecnológica na Blip. “Neste momento como estamos a desenvolver uma prova de conceito, estamos a medir todas as nossas possibilidades: a Amazon Web Services, Azure, Google Cloud, está tudo em cima da mesa”.
A Google até pode ter apresentado algumas novidades de ‘encher o olho’, mas um dos argumentos que mais seduz o especialista português é outro. “Se isto funciona para eles, muito dificilmente não funcionará para nós”.
O caso da Timestamp é diferente, como nos explicou o diretor de desenvolvimento de negócio da empresa, Nuno Almeida. Especializada em ferramentas de análise de dados, os clientes da Timestamp usam as soluções de cloud da gigante norte-americana.
“O nosso objetivo era perceber melhor a estratégia da Google, quais é que são os produtos mais fortes e como é que eles estrategicamente se estão a posicionar para o tipo de utilizações e para o tipo de projetos que fazemos nesta área”.
O responsável da Timestamp diz que já foi mais difícil de convencer as empresas portuguesas a renderem-se aos benefícios da cloud, como o facto de permitir um maior controlo dos custos e de dar acesso a ferramentas que de outra forma dificilmente estariam ao alcance, sobretudo na área da inteligência artificial.
“Quando começam a apostar fortemente, percebem que a nível de despesa, de custos de administração, não compensa o tempo e o que estão a gastar neste tipo de custos [infraestruturas próprias] e começam a equacionar um fornecedor de serviços cloud”.
Mas também é verdade que o mundo da computação cloud ainda é desconhecido para uma parte das empresas em Portugal. Quem o diz é o próprio diretor da divisão de cloud da Google no mercado português, Jorge Reto.
“Alguns clientes dizem-nos que estão bastante atrasados na transformação digital quando viram alguns casos que se falaram [em Londres]”, começou por dizer o responsável português. “Ainda existe uma quantidade enorme de tecnologia on premise que não faz sentido”, explicou.
Atualmente com cerca de 40 clientes na área da cloud em Portugal, Jorge Reto admite que ainda há muito trabalho que a empresa precisa fazer junto das empresas, não tanto na conquista de quota de mercado, mas nos processos de transformação digital das empresas. “Vamos fazer uma corrida connosco próprios, temos objetivos ambiciosos, mas não estamos preocupados com a concorrência”.
* A Insider viajou para Londres a convite da Google Portugal