De Lisboa a Berlim. Lenovo convida criativo português a estar presente na IFA

Filipe Simões é designer na Fullsix e um influenciadores convidados pela Lenovo a marcar presença numa das maiores feiras de tecnologia europeias

É português e um dos 16 criativos convidados pela Lenovo a estar presente na IFA Berlim, uma das maiores feiras europeias de inovação tecnológica. Filipe Simões, 26 anos, é designer na Fullsix e um influenciador com mais de 30 mil seguidores no Instagram.

Foi essa face de influenciador que levou a tecnológica chinesa convidá-lo a responder a um desafio. E foi bem sucedido, tanto que é um de 16 influenciadores que vão à cidade alemã. Há três anos que conjuga a sua vida de designer com o seu papel de influenciador para marcas como Beefeater, Garnier, Vichy, entre outras. Cheese Me Sammy Road são algumas das agências de marketing de influência com quem trabalha, mas muitas marcas, como foi o caso da Lenovo, contactam o criativo diretamente.

Formou-se em Design, na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, fez um estágio na agência Latitudes e, prestes a terminar o curso foi contratado pela GrandUnion. “O que me fez sentir o verdadeiro significado da palavra “medo”. Medo pela responsabilidade de trabalhar grandes clientes e marcas que me eram familiares e que, de tão marcantes, não podiam ser desiludidas. Se dois dias antes estava a entregar projetos académicos, naquele momento tinha o planeamento recheado de nomes como Coca-Cola, EDP, Gallo, Sagres, LeroyMerlin, entre outras”, recorda. “O ‘síndrome do impostor’ fez-se sentir e lembro-me de achar a oportunidade demasiado ambiciosa. A verdade é que sentir medo faz parte do processo, e este medo que eventualmente dá lugar à experiência faz-nos perceber que, quando desafiados, desenvolvemos capacidades e metodologias das quais não nos julgamos capazes.”

Na GrandUnion trabalhou com Foan82Diografic, João Conceição, João Gomes, André Trindade entre muitos outros.”Permitiu-me desenvolver métodos, ferramentas e construir um portefólio que abriu muitas portas”, conta Filipe Simões. Depois da Grand Union, transitou para a View Isobar trabalhando contas como Lipton, Huawei, Cin, Vaqueiro, Cofidisetc, mas como bom filho à casa mãe retorna, voltou ao grupo Fullsix. “Agora com outro caminho a percorrer, um passo criativo de cada vez”.

És o representante português de um conjunto de 16 influenciadores convidados pela Lenovo para o IFA 2018. Como surgiu este convite e que desafio te foi pedido?

A Lenovo convidou um grupo de influenciadores a ilustrar o potencial dos dispositivos tecnológicos na atualidade. Tive a sorte de me incluírem nesta seleção e de estar entre os 16 premiados com uma viagem a Berlim e com a oportunidade de marcar presença neste evento de tecnologia.

Esta não é a primeira vez que trabalhas como influenciador com marcas. Como é que esta atividade surgiu na tua vida?

Foi um inesperado destaque no @publicop3 que acendeu esta “chama do Instagram”. Depois dos destaques e dos concursos, chegaram as marcas e entretanto já lá vão três anos desta aventura.

Qual o teu maior desafio até hoje?

Na verdade todo este percurso acabou por se mostrar desafiante, até porque nunca me imaginei a usar a fotografia de forma profissional e muito menos a explorá-la de forma criativa. Foi acontecendo.
No entanto, houve um pedido específico para fotografar um estimulante capilar que pouco ou nada tinha a ver com o meu tipo de conteúdo. Seria expectável recusar este pedido, mas ao mesmo tempo pareceu-me desafiante agarrar no aparentemente “aborrecido” e torná-lo divertido – afinal ser criativo é isso mesmo. No geral, foi das fotografias que mais gozo me deu.

És o caso de dia publicitário, à noite influenciador ou, neste momento, as duas faces confundem-se?

Acabei por descobrir que são duas faces que não só se influenciam como acabam por se complementar.
Na publicidade e no Design de Comunicação existe o desafio diário de encontrar e comunicar potencial nas coisas mais simples e nos produtos mais banais. O Instagram e o marketing de influência acabam por ser um trabalho de casa que te faz praticar o raciocínio criativo em pequenas doses. Neste caso, é um trabalho de casa que se faz nas horas vagas e sempre que há um cenário, personagens e uma ideia.

São atividades que se auto alimentam?

Influenciam-se e complementam-se. Uma acaba por estimular a outra e geram um loop de produtividade.

O mercado nacional tem-se profissionalizado, com agências a gerir carreiras de influenciadores. Como olhas para este fenómeno e que diferenças encontras da fase em que começaste?

É impressionante como as coisas mudaram nos últimos anos. Começando pelo próprio conceito de “influenciador”, que evoluiu de palavra a profissão e passando por todo um mercado de oportunidades que se gerou à volta desta ideia. Nestes três anos assisti a uma espécie de passagem de épocas. Se antes existiam pessoas a publicar conteúdos por diversão e que, naturalmente desenvolveram comunidades e receberam este título de influenciadores, hoje em dia já existe muito uma procura propositada de atingir e desempenhar esta função.

O Instagram é a tua forma principal de expressão? Porquê?

Pelo contrário, estudei Design e esse tem tido a minha maior dedicação. Como consequência sempre me concentrei em redes sociais focadas nessa área, como o Behance e o Dribbble. Depois de algum tempo aplicado na aprendizagem e acompanhamento do que surgia no digital, tornou-se exaustiva a carga horária dedicada ao trabalho. Neste contexto o Instagram surge como fórmula de escape e descontração. Ironicamente acabou por se fundir com o trabalho e agora até o momento de descontração já recebe um briefing. A verdade é que, para mim, o Instagram se tornou uma peça fundamental para treinar a criatividade.