Pela primeira vez, a Netflix e o Instituto do Cinema e do Audiovisual lançam um concurso para argumentistas residentes em Portugal.
A gigante do streaming Netflix e o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) lançaram esta quarta-feira uma parceria inédita: um concurso de escrita e desenvolvimento de argumento para projetos portugueses. Esta iniciativa, cujo prazo de candidaturas arranca a 30 de abril, vai procurar argumentos para séries de ficção e documentários, destinando-se a autores e argumentistas residentes em Portugal.
Em comunicado, o ICA refere que se trata de uma parceria para “impulsionar a produção audiovisual portuguesa”, num momento em que o setor da cultura está a ser fortemente afetado pela pandemia de covid-19. Ao mesmo tempo, o concurso é lançado numa altura em que se antecipa também a transposição da diretiva europeia do audiovisual, aprovada no final de 2018. Esta diretiva contempla que os serviços de streaming, como é o caso da Netflix, precisam de ter no mínimo 30% do catálogo de séries e documentários composto por obras europeias.
O regulamento deste concurso estipula a atribuição de prémios “de apoio financeiro a projetos singulares de séries de ficção ou documentário, em fase de escrita e desenvolvimento”. Numa fase inicial, serão escolhidos dez projetos inéditos (cuja fase de rodagem não tenha sido efetuada ou, nos documentários, sem rodagem principal ainda feita), que serão submetidas à apreciação da Netflix.
Desses dez projetos, a Netflix escolherá cinco (quatro projetos de fição e um de série de documentário), atribuindo um prémio de 25 mil euros para os cinco melhores projetos e um prémio de seis mil euros a cada um dos restantes cinco selecionados, é possível ler no regulamento.
O regulamento indica ainda que, mesmo que os projetos recebam apoio da Netflix, o serviço de streaming não assume “nenhuma obrigação” de continuar a apoiar os projetos selecionados. “A Netflix, a seu exclusivo critério, pode ter a iniciativa de continuar a apoiar um ou alguns dos cinco melhores projetos, sem assumir nenhuma obrigação presente a esse respeito, iniciando uma fase de negociação com os respetivos autores, nos termos contratuais a determinar pelas partes.” Caso a Netflix não dê continuidade ao apoio de algum dos projetos selecionados, os autores mantém todos os direitos sobre a obra.
Os prazos de candidatura deste concurso, onde cada autor pode submeter duas candidaturas ou participar em projetos de coautoria (até no máximo cinco autores), arranca esta quinta-feira, dia 30 de abril, terminando às 12h do dia 1 de junho de 2020.
A seleção dos projetos será feita em Portugal, “através de uma comissão de seleção composta por cinco personalidades nomeadas com base na sua experiência profissional e mérito”. O júri é composto pela jornalista e crítica literária Isabel Lucas, pelo realizador Jorge Paixão da Costa, pelo diretor-adjunto de comunicação da Fundação Calouste Gulbenkian, Luís Proença, pelo argumentista e realizador Possidónio Cachapa e ainda pela argumentista Verónica Fernández, diretora de conteúdos da Netflix em Espanha e Portugal.
Em comunicado, Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media refere que “esta é uma iniciativa especialmente relevante que, por via da escrita de argumento e do desenvolvimento de ideias por autores portugueses, representa um importante passo para a consolidação da ficção audiovisual e do documentário no nosso país.”
Já Diego Ávalos, vice-presidente da área de conteúdos originais da Netflix, declarou na mesma nota que o serviço de streaming está “muito satisfeitos por poder colaborar com o Instituto do Cinema e do Audiovisual numa iniciativa que visa apoiar e estimular o grande talento da comunidade criativa portuguesa. Acreditamos firmemente que grandes histórias estão para chegar e podem seguir para qualquer lugar, e estamos confiantes de que este concurso abrirá novas janelas de inspiração e oportunidades para os criadores.”
É possível consultar o regulamento completo no site do ICA, assim como os requisitos de candidatura, que são feitas através de endereço eletrónico.
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