Gigante norte-americano em plataformas CRM (de gestão de clientes) cria escritório em Portugal “para crescer ainda mais” e tem agora um Country Leader.
“Este é o momento ideal para a Salesforce reforçar a sua presença em Portugal”. Quem o diz é Fernando Braz (ex-diretor da área de Core da Oracle), o novo Country Leader da empresa para o país, que está incumbido de contratar mais alguns elementos para a equipa que começa a operar num escritório em Lisboa até ao final do ano. Quantos? “Ainda não sabemos bem, depende do que vai acontecer até com a pandemia, mas já tínhamos portugueses que operavam desde Espanha e faziam o mercado português e que passam a ficar cá e estamos a contratar agora mais para a parte das vendas”.
A tecnológica multinacional que indica ser líder mundial em Customer Relationship Management (CRM), com várias ferramentas digitais para ligar as empresas aos seus clientes, “orgulha-se de operar online e na cloud desde o seu início”. Mas agora esta entrada “presencial e mais ativa” em Portugal deve-se aos sinais que o país mostrou.
“Fiquei surpreendido quando percebi que o mercado português tinha já uma base importante [Fernando Braz entrou em maio], tem vindo a crescer todos os anos e, na Europa (que cresceu 47% o ano passado), Portugal até foi a região com maior crescimento, o que mostra uma apetência para as empresas nacionais adoptarem mais ferramentas digitais”, explica o responsável numa mesa redonda onde o Dinheiro Vivo esteve presente.
Em Portugal a Salesforce tem neste momento mais de 30 parceiros e geraram 800 certificações nas diferentes competências que disponibilizam, mas não divulga dados locais sobre o número de clientes, nem objetivos de crescimento concretos de futuro. Entre os clientes atuais estão a SONAE MC, o grupo Brodheim, o grupo Pestana ou o grupo Luz Saúde, mas o objetivo “passa por crescer junto das PME’s e startups”.
Sem se comprometer com uma área mais tecnológica presente em Portugal, já que a Salesforce tira “proveito das sinergias”, a empresa “quer ser líder destacado em Portugal em CRM – ajudando a criar parcerias e trocas de ideias entre os clientes”.
Pandemia potenciou procura
Fernando Braz admite que desde março, com o intensificar da pandemia, têm registado uma procura pelos serviços da empresa sem precedentes. “Mas da procura até à concretização do negócio pode ir uma grande distância – pode demorar seis meses a fechar acordos – e só agora vamos perceber se toda essa procura resulta em muitos clientes”, explica o responsável, que admite que “não é possível prever concretamente o que vai acontecer por causa da pandemia”.
Numa altura em que muitos centralizam serviços, a Salesforce faz assim o caminho inverso “porque o mercado português está a pedir – e não é só pela pandemia – uma transformação digital”. “Temos clientes pequenos até ao nível da restauração que entendem que têm de ter um contacto próprio com o cliente – mandar mensagens, manter relação, perceberem do que gostam, por exemplo”.
Fernando Braz acredita que isso justifica o motivo de ter presença local: “estando cá porque podemos crescer muito mais”. A Salesforce também opera na inovação digital – cloud, mobile, social, internet das coisas, inteligência artificial, voz e blockchain.
Questionado sobre uma possível concorrência em termos de plataforma com o unicórnio português OutSystems, Braz admite que é possível que a empresa de Paulo Rosado “saia vencedora em alguma solução mais customizada e feita à medida”, no entanto, “nas áreas de CRM espero que tenhamos vantagem”. “No final a escolha será dos clientes”, admite.
A nível mundial a Salesforce, com mais de 150 mil clientes registados, fechou o seu ano fiscal de 2020 com um crescimento da faturação na ordem dos 29% para 17.1 mil milhões de dólares, impulsionado pela aceleração e transformação digital das empresas que fizeram da empresa um parceiro de confiança. Como vimos, dentro deste universo a Europa é o mercado que mais cresce (47%).