Os distúrbios com videojogos, como jogar de forma compulsiva, foram oficialmente classificados como um problema de saúde mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A classificação foi publicada esta segunda-feira, na nova edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças (ICD-11) da organização.
Dentro dos distúrbios relacionados com videojogos, a OMS engloba tanto os que são online, como os que não requerem uma ligação à internet. A organização mundial acredita que ao categorizar o vício em videojogos como uma doença mental vai ajudar os governos, as famílias e os trabalhadores da área da saúde a ficarem mais atentos na identificação deste risco.
“Distúrbio com videojogos é caracterizado por um comportamento de jogo persistente ou recorrente”, começa por descrever a OMS no seu índice.
Este problema de saúde pode ser identificado de três formas – mediante a análise da frequência e da duração das sessões de jogo; mediante a prioridade que a pessoa dá aos videojogos, sobretudo quando se sobrepõem a outros interesses pessoais e atividades diárias; e quando a pessoa continua a jogar, sabendo que isso resulta em consequências negativas para si.
“O comportamento para com os videojogos pode ser episódico ou recorrente. O comportamento e outros elementos são normalmente evidentes durante um período de pelo menos 12 meses por forma a que o diagnóstico possa ser feito, ainda que a duração possa ser encurtada se todos os requisitos do diagnóstico forem cumpridos e os sintomas se revelarem severos”, escreve ainda a OMS.
A organização diz que a decisão de incluir os distúrbios com videojogos na Classificação Estatística Internacional de Doenças tem por base a análise de provas e reflexões de diferentes especialistas que foram consultados para a criação do novo índice.
“Os estudos sugerem que os distúrbios com videojogos apenas afetam uma pequena percentagem das pessoas que interagem com atividades relacionadas com videojogos”, explicou a OMS numa publicação no início do ano.
A Federação Europeia de Programadores de Jogos (EGDF na sigla em inglês) já reagiu num comunicado que é assinado por nove organizações diferentes da indústria dos videojogos.
“Estamos preocupados por ver que os distúrbios com videojogos ainda constam na mais recente versão do ICD-11 da OMS, apesar da oposição significativa da comunidade médica e científica. As provas para a sua inclusão continuam a ser muito contestadas e inconclusivas”, pode ler-se no comunicado.
O novo índice da Organização Mundial de Saúde vai ser lançado em junho, entrando depois numa fase de consulta pública. A Assembleia-Geral da OMS deverá aprovar formalmente o IDC-11 em maio de 2019. Mesmo depois da aprovação, o índice entra em vigor apenas a 1 de janeiro de 2022 e poderá demorar ainda mais tempo até que os países enquadrem os novos problemas nas suas políticas de saúde.