O abraço da Saúde nesta onda digital

Com o evento final dos Prémios HINTT a chegar, Filipa Fixe, Administradora Executiva da Glintt, revela tudo sobre a escolha da temática desta edição e sobre como a nossa saúde sairá vencedora numa onda digital.

Filipa Fixe é membro do conselho de administração da Glintt para a área da Saúde. É através da temática deste ano dos Prémios HINTT – DIGITAL ACCELERATION: CAN HEALTH CATCH THE WAVE – que Filipa Fixe realça o “crescente compromisso dos setores da Saúde e das TIC ligadas à saúde e a motivação incrível por parte das entidades” para continuarem a fazer mais e melhor.

Para começar, sente que o panorama atual em que vivemos afetou de alguma forma o evento? Ou, por outro lado, foi desafio suficiente para que a exigência e os resultados fossem ainda melhores do que aquilo que seria de esperar?
O panorama atual instalado pela pandemia obrigou-nos a reestruturar a forma como o HINTT se tem vindo a apresentar junto do público. Em momento algum esteve em cima da mesa a não realização do HINTT que já se tornou um marco. Houve sim um esforço da nossa parte para adaptar o evento às condicionantes atuais. Vamos manter a qualidade das intervenções e de toda a experiência que nos temos proposto a oferecer a quem se tem juntado ao longo das várias edições. Acredito até que poderemos elevar a experiência uma vez que, sendo este ano um evento híbrido, irá permitir a participação sem necessidade de deslocação ao local. Por outro lado, vamos permitir aos participantes remotos a colocação de questões ao Gerd Leonhard pelo que, acredito que este panorama nos traga uma experiência ainda mais enriquecedora, não devendo ser nunca encarado como um impedimento para se falar de inovação.

Relativamente à escolha do tema para a edição deste ano – DIGITAL ACCELERATION: CAN HEALTH CATCH THE WAVE? -, como surgiu esta escolha?
O tema para a edição deste ano não poderia ser mais atual e foi efetivamente inspirado pelos tempos em que vivemos. Esta pandemia que se instalou globalmente obrigou a uma rápida e estratégica mudança e adaptação por parte de todos os cidadãos e empresas. De repente, as crianças foram desafiadas a ter aulas a partir de casa. As empresas tiveram de proporcionar aos seus colaboradores a possibilidade de trabalharem a partir de casa. Sem muito tempo para pensar e planear, lá conseguimos encontrar as melhores soluções possíveis. Todos os constrangimentos colocados à partida pela utilização massiva evaporaram-se. Portanto aquilo a que assistimos foi a uma “Digital Acceleration”, mais intensa do que aquilo a que temos vindo a assistir uma vez que, esta nos foi imposta. Também o sector da saúde sofreu transformações inevitáveis que acabaram por impactar a saúde de todos nós. O HINTT é uma viagem que se iniciou em 2017 com o propósito de ser um palco para a excelência da ciência, da inovação e da tecnologia em saúde. O objetivo é o de partilhar casos de estudo, a nível nacional e internacional, que sejam demonstradores de como a inovação pode ser traduzida para o dia-a-dia das instituições de Saúde, dos seus profissionais e do cidadão. Desta forma, o que pretendemos perceber é que de forma é que a nossa saúde sairá vencedora nesta onda digital a que fomos obrigados a mergulhar e à qual já estamos tão habituados/adaptados.

Esta 4ª edição vai contar com a presença do orador internacional Gerd Leonhard, pela segunda vez escolhido para orador do HINTT. Esteve cá em 2018 e agora em 2020. Que contributos acredita que nos possam ser oferecidos pelas palavras deste futurista e humanista desta vez?
O Gerd Leonhard é, de facto, um dos futuristas, humanistas e palestrantes mais influentes internacionalmente. É para nós uma honra poder contar com os seus pensamentos e contributos pela segunda vez num evento deste âmbito. Nesta edição, o Gerd Leonhard irá partilhar connosco os motivos pelos quais todos devemos acreditar que, embora saibamos que o futuro será dominado pelo avanço da tecnologia, não deve ser aquilo em que nos tornamos. Todos somos muito mais felizes quando temos experiências pessoais e relacionamentos agradáveis. Importa saber balançar o contacto com o digital e a presença massiva de tecnologia na nossa vida com estas experiências pessoais, retirando apenas e só o de que melhor nos pode trazer a tecnologia. No campo da Saúde, sabemos que estamos a abraçar a ciência mais do que nunca, mas importa prever se a Saúde está preparada para abraçar esta onda digital.

A cada ano que passa e a cada nova edição, as candidaturas para o HINTT são sempre um sucesso. O que é que o HINTT tem de diferente para que isto aconteça? O que é que distingue este evento dos demais?
O HINTT surgiu em 2017 e tem vindo a ser um palco com cada vez maior visibilidade para a excelência da ciência, da inovação e da tecnologia em saúde. Na edição de 2017, lançámos o Prémio HINTT cujo prazo de submissão de candidaturas terminaria no ano seguinte. É verdade que, agora em 2020 na 3ª edição do Prémio HINTT, e com a pandemia provocada pela Covid-19, não estávamos a contar com um número tão elevado de projetos submetidos. No entanto, e para nossa grande admiração e orgulho, as expectativas não se cumpriram (foram sim largamente ultrapassadas!) e conseguimos atingir o record das candidaturas, ultrapassando em cerca de 50% os anos anteriores. Tal facto denota o crescente compromisso dos setores da Saúde e das TIC ligadas à saúde e a motivação incrível por parte das entidades em fazer cada vez mais e melhor. O que distingue o HINTT dos demais eventos passa precisamente pela promoção ativa do que de melhor se faz em Portugal no que respeita a soluções de excelência na área da saúde e das ciências da vida. Toda a comunicação posterior envolvida acaba por ser um excelente marco no processo de go-to-market destas soluções, às quais as equipas de trabalho tanto se dedicaram. Posto isto, a entrega dos Prémios HINTT acaba por ser o momento alto do evento de todas as edições, tal é a vontade de ficar a conhecer e ver o trabalho de cada elemento envolvido verdadeiramente reconhecido junto de toda a população e de vários meios de comunicação.

Na sua opinião, o que trazem de diferente os 10 finalistas deste ano? Pode avançar nomes? Sente que houve uma evolução? Se sim, em que sentido?
Os projetos submetidos ao Prémio HINTT têm vindo constantemente, edição pós edição, a comprovar que Portugal reúne todas as condições para que a evolução ocorra dentro das unidades de saúde. Aquilo que o Prémio tem vindo a comprometer-se fazer passa pelo incentivo à aposta em ideias disruptivas e em novos projetos, promovendo os mais inovadores e com maior impacto na sociedade e saúde de todos nós. Todas estas candidaturas (re)afirmam o potencial que existe no nosso país e que deve ser partilhado dentro e fora de Portugal. É neste sentido que queremos que o Prémio HINTT seja mais um catalisador de inovação. Temos vindo a sentir uma evolução ao longo das 3 edições. Os finalistas são cada vez mais projetos que não são realizados apenas por um perfil de profissionais, mas sim por equipas multidisciplinares que vão da engenharia às ciências da vida, incluindo novas tecnologias e tecnologias emergentes (ex: IA, NPL). São projetos na sua maioria com uma avançada maturidade digital, pilotos ou não, entre outros que – apesar de embrionários – reúnem um enorme potencial tecnológico para a área da saúde, privilegiando sempre o conceito do patient centered.