Na 1ª Conferência do Alibaba em Portugal foi assinado acordo com a AICEP para ajudar empresas nacionais a chegar a 600 milhões de chineses e o governo português deixou um desafio ao grupo chinês.
Há precisamente 505 anos, em 1513, o português Jorge Álvares tornou-se no primeiro europeu a chegar à China – tinha partido de Malaca. Dois anos mais tarde, o escrivão e explorador português Duarte Barbosa escreveu pela primeira vez a palavra China (a palavra é de origem persa) para se referir ao país que, para os chineses, se chama Zhongguo. Em 1517 já Portugal negociava com mercadores chineses.
Cinco séculos depois, o gigante chinês Alibaba Group quer ajudar a Europa e Portugal a criar uma espécie de rota da seda do século XXI, tentando cativar as empresas portuguesas a venderam os seus produtos usando o seu enorme ecossistema com 30 unidades de negócio e um mercado online com acesso a 600 milhões de consumidores ativos (300 milhões deles de classe média). Na passada quinta-feira, o Alibaba Group explicou ao que vinha a 300 empresários portugueses na sua primeira conferência no país – com o apoio do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) e do Millenium BCP.
Com o lema “A Porta de Entrada para as Empresas Portuguesas na China: E-Commerce, Tecnologia e Inovação”, a conferência marcou também o início oficial das operações do serviço Alipay, a forma de pagamento mais usada pelos chineses, em Portugal. Numa parceria com o Millenium BCP o serviço é agora disponibilizado aos negócios portugueses e vai facilitar os pagamentos aos turistas chineses que visitam o país. O primeiro teste desse tipo de pagamentos foi feito com a Worten e como ponto de partida existem já 10 negócios nacionais com essa possibilidade de pagamento.
O gigante chinês mostrou com algum pormenor como os negócios portugueses podem beneficiar do seu amplo e global ecossistema com serviços que vão da cloud, aos mercados online, passando pelos pagamentos, pelo acesso aos dados dos consumidores chineses até à escolha dos parceiros chineses certos para crescer na China. Foi isso que evidenciou no início da conferência Terry von Bibra, o diretor geral para a Europa, do Alibaba Group.
Nos dois mercados disponíveis para as empresas portuguesas, o TMall e o TMall Global, já estão disponíveis algumas marcas portuguesas como a Delta Cafés, a Parfois e a Aptoide (neste caso usa o serviço Alicloud). Estas três empresas explicaram em palco como está a ser a adaptação ao gigantesco mercado chinês e ao ecossistema do Alibaba Group e recomendaram às outras empresas portuguesas a tentar entrar.
No entanto, também deixaram avisos: “o mais importante é escolher o parceiro certo e nisso o Alibaba Group pode ajudar”; “é preciso ter uma estratégia de longo prazo e estar preparado para fazer totalmente diferente do que se faz em Portugal”; “o consumidor chinês é muito mais exigente nos detalhes dos produtos”. No acordo assinado com o AICEP, o organismo nacional quer ajudar e dar formação aos empresários nacionais para apostarem no online e aventurarem-se a exportar para a China.
Já Ana Mendes Godinho, a secretária de Estado do Turismo admitiu que esta é também uma oportunidade de ouro para o turismo vindo da China crescer, até porque os chineses são já, em média, o povo que mais gasta no país e deixou um desafio para o Alibaba Group:“façam de Portugal o vosso tubo de ensaio na Europa”. “No século XVI fomos nós os exploradores a chegar à China, agora são vocês a descobrir Portugal”, disse a governante.