Alibaba quer vender o melhor de Portugal a 600 milhões de chineses

Portugal está na rota do Alibaba Group, que quer convencer empresas nacionais a venderem na China pelo seu marketplace e tem a sua 1ª conferência no país na quinta-feira.

O que é o Grupo Alibaba? O nome vem da lendária personagem da literatura do Médio Oriente As Mil e Uma Noites e, a maioria das pessoas associa a marca, de imediato, ao site chinês de e-commerce, AliExpress, mas a empresa criada em 1999 pelo popular Jack Ma (em conjunto com Peng Li), é muito mais do que isso. É uma multinacional especializada em e-commerce, retalho, internet, inteligência artificial e tecnologia e tem como missão tornar mais fácil fazer negócios em qualquer lugar. Agora, quer que as empresas portuguesas entrem no seu gigante ecossistema e, assim, passem a vender para a nova coqueluche da economia mundial.

“Oferecemos um markeplace incrível na China, com 600 milhões de utilizadores ativos, 300 milhões deles da classe média. Temos ainda um ecossistema completo para quem queira trabalhar connosco e queremos ter muitas empresas portuguesas presentes”. Quem o diz é a Business Developer Manager do grupo Alibaba para a Península Ibérica, a espanhola Alba Ruiz Laigle.

Ao Dinheiro Vivo a responsável explica que para o Alibaba “a prioridade em Portugal não é vender, mas ajudar empresas e marcas a exportar os seus produtos para China”, daí que queiram ser “a porta de entrada” para um país com 802 milhões de utilizadores de internet. Alba admite que a multinacional, com escritórios na Europa há dois anos, beneficia da sua dimensão global e do facto de estar presente em áreas diferentes, dos serviços de pagamento e cloud, ao turismo e à inovação.

O marketplace aqui sugerido chama-se Tmall ou Tmall Global – este último é especifíco para servir as empresas que ainda não têm presença física na China e enviam os seus produtos de fora. Só da Europa existem hoje 1600 marcas que já abriram lojas na Tmall Global, que tem 18 mil marcas presentes de 74 países. A responsável destaca também que 75% das marcas mais valiosas no mundo já têm por lá lojas, da Nestlé à Adidas, passando pela Unilever, entre outras.

Neste momento já existem algumas empresas nacionais presentes como a Parfois, a Delta (estas duas vão estar presentes na conferência do Alibaba Group em Portugal – ver caixa), Renova ou a Prozis. “As empresas portuguesas têm tudo para crescer connosco. Na China a classe média está a crescer e dos 300 milhões vai duplicar nos próximos cinco anos. Para as empresas portuguesas é uma oportunidade gigante.” O objetivo, de acordo com Alba, passa, assim, por disponibilizar para o mercado chinês o melhor do que se faz em Portugal, até porque a classe média chinesa na plataforma é jovem (75% dos consumidores têm menos de 35 anos) e procura qualidade vinda da Europa.

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“Com esta primeira conferência em Portugal, queremos atrair empresas portuguesas em áreas onde onde há bons produtos, do têxtil, à comida, passando pelo vinho e pela moda, entre outras”. A responsável admite que podem ser empresas pequenas, médias ou grandes, mas que “é necessário estarem preparadas para o sucesso”. “Têm de se adaptar e estar preparadas para produzir muito mais nas fábricas e, por isso, nós ajudamos a conseguirem um bom parceiro ou distribuidor chinês”, admite Alba.

Espanha já está a aproveitar

A gigante espanhola de cosmética MartiDerm conseguiu vendas inéditas de 5 milhões de um produto de ampolas num só dia, no chamado Global Shopping Festival de 11 de setembro deste ano. Nesse mesmo dia especial de vendas na China, o Alibaba Group gerou 30,8 mil milhões de dólares em valor total das ordens de compra no seu marketplace. A responsável espanhola congratula-se ainda com os resultados impressionantes já conseguidos em Espanha com empresas de cosmética e admite que “agora falta conseguir algo semelhante com empresas portuguesas”.

João Dias, administrador da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), concorda com a responsável ibérica do grupo chinês de que “esta é uma oportunidade única para as empresas nacionais, especialmente as PME [pequenas e médias empresas], darem o salto”. Um dos motivos pelos quais o AICEP ajuda a organizar a tal conferência de quinta-feira é ver no grupo chinês um “parceiro incontornável, com múltiplas plataformas para comércio entre empresas e com o consumidor final”. “Para uma PME é mais acessível exportar por esta via, com marketplaces digitais, já que encontram menos barreiras à entrada e têm bem menos custos de investimento”, admite João Dias, que admite que conhece empresas portuguesas que já estão no marketplace do Alibaba Group “e têm conseguido taxas de crescimento de dois dígitos”.

O responsável do AICEP lembra que as compras online estão a duplicar a cada três anos e é cada vez mais importante estar presente “para não perdermos quotas de mercado”. Por isso vão assinar um protocolo com o Alibaba Group para ajudar a divulgar e dar apoio à entrada das empresas na plataforma do grupo chinês. A ajudar existem o sistema de incentivos de apoio à internacionalização (no âmbito do Programa Compete – PT2020), que desde agosto dá primazia aos projetos que tenham a componente digital (taxa de apoio vai até 45% das despesas elegíveis e a dotação é de 68 milhões de euros). O objetivo é que possa haver um aumento nas exportações portuguesas, mas João Dias não faz estimativas, mas ‘atira’: “agora a bola está do lado das empresas”.

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Conferência Alibaba Group fala às empresas

A primeira conferência do Alibaba Group em Portugal realiza-se na quinta-feira, dia 29, no Museu do Oriente, em Lisboa, e tem como tema E-Commerce, Tecnologia e Inovação. A organização está a cargo do AICEPe do Millennium BCP e tem superou os 300 participantes. Vão estar presentes vários executivos do grupo chinês na Europa, incluindo o General Manager, Terry von Bibra e o Country Manager do Alibaba Cloud para o sul da Europa, Kevin Liu. A objetivo é ilustrar como a Alibaba “torna mais fácil fazer negócios em qualquer lugar”, fazer parcerias com marcas, empresas e PME portuguesas e apoiá-los no acesso ao mercado chinês e a envolver-se com os seus consumidores.