A app de smartphone que deteta que está deprimido antes dos médicos o saberem

Um trio de médicos lançou uma app que usa a interação física com o smartphone para antecipar problemas mentais como depressão e ajudar pacientes a serem tratados. 

Só nos Estados Unidos existem 45 milhões de pessoas com doenças mentais, da depressão à demência. Em Portugal estima-se que a depressão afeta anualmente 400 mil portugueses e ainda há cerca de 205 mil pessoas que sofrem de demência (estes últimos dados são da OCDE e demonstram que Portugal é o 4º país onde há mais pessoas com demência por cada mil habitantes). E há algo que a maioria das pessoas tem em comum, um smartphone (que também já começa a estar presente em segmentos etários mais velhos da população).

Neste contexto, uma startup de Palo Alto, na Califórnia, fundada por um trio de médicos, incluindo o antigo diretor do Instituto de Saúde Mental dos EUA, está a tentar provar que a obsessão atual por ter tecnologia no bolso pode ajudar a tratar algum dos problemas médicos mais difíceis de tratar.

Chama-se Mindstrong Health e é uma app que tenta ter soluções para depressão, esquizofrenia, bipolaridade, stress pós-traumáutico e abuso de certas substâncias. Para isso, esta app para smartphone recolhe dados sobre a saúde emocional e cognitiva de cada um, conseguida através da forma como eles usam os seus telemóveis.

Na verdade, essa é uma realidade já conhecida. Os nossos hábitos na internet permitem que empresas como Facebook ou Google tenham dados suficientes para saber antes mesmo de nós quando temos uma tendência para vícios ou depressão. A partir do momento em que o paciente instala a app Mindstrong, começam a ser monitorizados pormenores (com a devida autorização da pessoa) como a forma como a pessoa escreve no teclado do telemóvel, como faz scroll ao usar outras apps.

Este tipo de dados são encriptados (para limitar o risco de serem roubados) e analisados remotamente usando machine learning e inteligência artificial. Os resultados são depois partilhados com o paciente e com o médico dele (se houve acordo entre as partes).

Algo típico e aparentemente inofensivo como a forma como interagimos com o smartphone oferece pistas “surpreendentemente importante sobre a nossa saúde mental”, indica a pesquisa da Mindstrong. Permite revelar, por exemplo, um os princípios de uma depressão. Com os detalhes reunidos pela app a mostrarem dados preocupantes, o médico recebe um alerta e pode enviar uma mensagem direta pela Mindstrong ao seu paciente e o paciente pode responder dessa mesma forma.

 

Existem várias apps de múltiplas empresas a oferecer terapia para ajudar pessoas com alterações de humor ou ansiedade, “mas não existia nenhuma até agora a usar a interação física dos utilizadores com os smartphones”, diz o CEO da empresa Paul Dagum.

A Mindstrong tem a sua app principal com este conceito disponível na App Store da Apple em Portugal (não encontrámos na Play Store portuguesa do sistema Android), que tem o nome Discovery by Mindstrong. Há outra app chamada BlackThorn que funciona como extra para o teclado.