Bolsa volta a piscar o olho a empresas tecnológicas

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Arrancou a quinta edição do TechShare da Euronext, vocacionado para empresas tecnológicas que admitem entrar em bolsa. Há sete portuguesas.

O pontapé de saída para a quinta edição do TechShare, programa da Euronext para que empresas tecnológicas que possam entrar em bolsa, foi dado esta quinta-feira, 12 de setembro. Esta edição conta com 132 empresas tecnológicas, quatro vezes mais que em 2015, quando o programa foi lançado. Sete companhias que ingressam neste programa estão no mercado português.

Filipa Franco, da Euronext Lisbon, defendeu, durante a apresentação pública, que o TechShare é “um programa lançado pela Euronext para promover o mercado de capitais e junto desta comunidade cada vez mais dinâmica a nível europeu, que são as empresas tecnológicas, que enfrentam grandes desafios em termos de investimento e crescimento e que podem encontrar no mercado [de capitais] o capital e a visibilidade para promover esse crescimento a nível internacional”.

Este programa pan-europeu estende-se por nove mercados onde o grupo Euronext está presente: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Irlanda, Portugal e Suíça. “Procuramos empresas de base tecnológica com esta ambição de crescimento e que poderão [fazer] um IPO, uma entrada em mercado dentro de 18 a 36 meses”, disse. Das sete companhias presentes no mercado nacional e que vão participar, três optaram por não o revelar publicamente.

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Questionada se as empresas têm manifestado interesse na entrada em bolsa, Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, defende que: “a presença das empresas hoje aqui mostra que o tema continua a ser central, que continua a ser uma opção das empresas”. “Recentemente, há um interesse mais recente. O diploma das sociedades de investimento imobiliário, que acabou de ser publicado, é uma área onde há interesse”.

Ao longo das últimas edições, várias firmas nacionais participaram neste programa mas poucas entraram, de facto, em bolsa. A líder da bolsa nacional justifica que “cada empresa tem o seu tempo próprio, tem o seu processo de preparação e as suas opções. O mercado de capitais não é uma solução para todas. Temos de esperar que cada uma faça essa escolha. Não há nada de anormal ou especifico no mercado português”.

As empresas

Uma das empresas que vai participar neste programa é a Celfinet, que está há 16 anos no mercado. José Mata, responsável, explicou que é uma empresa de base tecnológica que “atua na área das aplicações móveis. Genericamente, começámos por serviços mas agora temos um produto. O que fazemos é ajudar os operadores móveis a poderem gerir as suas redes. Desenvolvemos também um produto associado para gerir a energia dessas redes”. A equipa tem cerca de 220 engenheiros. Com presença em vários pontos do globo, ambicionam chegar ao final do ano com 27 clientes, receitas na casa dos 16,7 milhões de euros.

Outra tecnológica é a EVA (Electric Visionary Aircrafts). Com um modelo de desenvolvimento que pode ser comparado ao da Tesla, a grande diferença face à empresa de Elon Musk é que a EVA abre a sua infraestrutura a outros drones.

A Polygon é outra das empresas. Tem um sistema de identificação e autenticação, operando no campo da cibersegurança. A solução de negócio que têm foi implementada em quatro grandes bancos, sendo que a empresa está a trabalhar para alargar o número de clientes. Com sede em Portugal, a tecnológica quer crescer para se tornar uma referência no setor. Uma eventual entrada em bolsa, além de permitir levantar capital, vai permitir que a empresa ganhe uma maior reputação.

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E, por fim, a Wetek, uma companhia que investiga e desenvolve soluções para a distribuição de vídeo. Tem 55 colaboradores, espalhados por cinco escritórios. “Como trabalhos muito com os EUA acabamos por sofrer um pouco com a falta de credibilidade por não estarmos cotados em bolsa. É um pouco por aí – credibilidade e notabilidade – [que podemos ir para bolsa], apesar do dinheiro também ser importante para alavancar outras atividades de negócio”, notou André Carvalho, da Wetek.

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