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A startup portuguesa Polygon desenvolveu um sistema de autenticação biométrica, com aplicabilidade a várias áreas. Uma das tecnologias utilizadas é o reconhecimento facial e de voz, que poderá substituir nomes de utilizadores e passwords de acesso em situações bancárias, por exemplo.

Alberto Lima, CEO da Polygon, explica que a visão da startup, que foi criada em 2015, passa por “ser um player na identificação e autenticação digital, para viabilizar e facilitar a relação completamente remota entre utilizadores e clientes finais (retalhistas, bancos, clientes finais, saúde), todas as organizações que tenham algum tipo de relação digital com o cliente ou mesmo outros canais – fundimos várias tecnologias, não só o reconhecimento facial – mas o canal app, web, telefónico”.

Distribuídos entre os escritórios do Porto e Setúbal, a Polygon conta com 30 colaboradores, tendo crescido depois da integração da Lapa, dedicada a dispositivos IoT. Neste universo, há apenas três pessoas não são engenheiros – Alberto Lima, o CEO, faz parte desse trio.

A Polygon reconhece que o mercado das autenticações digitais vai ser um mercado multi-milionário em 2022, com um potencial que começou a crescer “a partir do momento em que os dispositivos móveis começaram a ter capacidades que não tinham antes, como a câmara”. Para fazer o processo de autenticação facial, que permite, por exemplo, uma abertura de conta ou confirmar transações bancárias, a Polygon explica que apenas é necessário um smartphone com câmara frontal.

“O princípio é este: criar uma camada de abstração em que nós permitimos que as empresas implementem uma autenticação forte sem usernames ou passwords. Aliás, com maior validade técnica e precisão do que os usernames e passwords, que são perfeitamente permeáveis, como sabemos”, avança Alberto Lima.

No início do projeto, o objetivo da empresa passava por “ser um player na área da autenticação digital, muito afunilado para a vertente bancária”, explica o CEO da Polygon, referindo também que a alteração na banca portuguesa, ao permitir maior flexibilização na abertura de contas online funcionou também como “uma oportunidade para introduzir a tecnologia, o momento ideal para criarmos uma identidade digital daquela pessoa”.

“Um utilizador quer abrir a sua conta bancária online e aproveitamos esse momento para cadastrá-lo digitalmente, fazendo um scan do cartão do cidadão, extraindo a informação do cartão, incluindo a fotografia. Fazemos também prova de vida no momento de autenticação, para provar que a pessoa está viva naquele momento – e que não é uma foto ou um vídeo”, indica Alberto Lima. No contexto de prova de vida, a ideia passa por despistar possíveis tentativas de fraude, identificando micromovimentos durante o processo de autenticação, aliados também a conceitos de profundidade e contexto da imagem em causa. Além da autenticação facial, a empresa conta também com autenticação por voz, com a solução VocalPay.

Nos primeiros tempos, Alberto Lima refere que “a empresa passou os dois primeiros anos a construir e a investigar”. Contando com o investimento de João Rafael Koehler, antigo presidente da ANJE, que foi também um dos ‘tubarões’ do programa Shark Tank, Alberto Lima destaca que “era muito difícil ter conseguido isto sem o perfil de investidor” do empresário. “Foi um projeto muito ousado e um pouco à frente do tempo”, reconhece o CEO, reforçando a “capacidade de resistência e o ato de investir muito numa área completamente emergente” de Koehler.

Atualmente, a empresa já fornece serviços de autenticação biométrica a vários clientes, “trabalhando com um dos maiores bancos na Polónia e um banco privado em Portugal”, indica Alberto Lima.

A Polygon diz querer continuar a apostar em novas tecnologias; atualmente, a tecnologia da startup é utilizada para processos de ‘on boarding’: “pode ser a contratação remota, serve para novos clientes mas também para os já existentes. Posso convidar um cliente já existente, convidá-lo a esquecer tudo o que é password e cartão-matriz, a passar por este processo de dois minutos e passa a relacionar-se [com o serviço] digitalmente. Isto é tudo muito emergente, mesmo para os nossos clientes”, reconhece Alberto Lima.

Apesar de reconhecerem que existe “uma maior tração” a esta tecnologia em território nacional quando comparado com o mercado internacional, a Polygon refere também que há bancos dispostos a investir neste tipo de “novidades” para diferenciar a relação com o cliente. “Nos próximos anos será a relação digital a conquistar terreno à relação tradicional, que pelo próprio ciclo dos clientes vai mudando. Os bancos também olham para isto muito como uma forma de agradar aos clientes que avançaram mais rápido, mas também de ganhar entre os clientes mais novos”, explica Alberto Lima.

“Todos querem fornecer experiências sem atritos, que é o que todas as empresas querem – a melhor experiência para o utilizador. Já não são só os millennials que querem experiências simples online”, diz o CEO da Polygon.