Ev Williams, responsável da plataforma Medium quer que a qualidade e não a atenção prevaleçam na internet – redes sociais e meios de comunicação.
Um dos co-criadores do Twitter é o responsável da plataforma de conteúdos Medium falou no palco principal da Web Summit que é possível melhorar os meios de comunicação na era digital. A Medium começou há um ano a ter um serviço de subscrição paga, paywall. E mesmo esse o futuro dos media? “Eu acredito que sim. A cada mês temos mais subscritores e temos mais dinheiro para investir em bom conteúdo”.
“Um dos maiores problemas na sociedade é que criámos um mundo em que atenção é premiada em quantidade, não é pela qualidade. Não premiamos os conteúdos que nos fazem sentir algo significativo mas na obtenção de atenção de qualquer forma”. Daí que o co-fundador do Twitter esteja a tentar algo diferente na plataforma Medium. “A Netflix mostrou que as pessoas estão dispostas a pagar por conteúdos de melhor qualidade, sem publicidade, o que eleva a qualidade dos conteúdos de audiovisual que temos visto”. Ev Williams diz que a internet ainda vive a fase reality tv, dando o exemplo de que na televisão tradicional esses programas de reality tv chamavam mais a atenção mas não elevavam a qualidade e, hojem começam a perder tração para serviços como a Netflix.
“Os algoritmos não determinam o que tem qualidade”
Uma lição interessante que Ev tira do site Medium é: “não podemos confiar nos algoritmos para definir qualidade, o que até nos surpreendeu um pouco no início quando começámos a perceber isto”. Além de definirem quanto tempo alguém está num artigo, usam métricas para perceber que tipo de atenção as pessoas deram. Mas mesmo essas métricas são pensadas em consumo e não em qualidade. “Se alguém colocar comida de plástico as pessoas comem, mas não ficam contentes por consumir aquilo. As pessoas consomem aquilo
se eles pagam devem-se sentir bem com o que consumiram, que lhes deu valor”, disse Ev Williams. Ou seja, na Medium é o julgamento humano que determina os conteúdos com maior qualidade, com os chamados curadores, depois há ainda os famosos algoritmos a ajudar, ou não fosse Ev um empreendedor tecnológico.
Redes sociais deviam acabar?
Será que a sociedade ficava melhor sem redes sociais. A essa pergunta Ev indicou que é preciso pensar no que tomamos por garantido atualmente, “aquilo que não tínhamos antes”. “Agora qualquer um pode ter uma voz e há movimentos incríveis que começaram assim”. O entusiasmo cresceu quando disse: “há pessoas a conseguirem os empregos de sonho, a fazerem amigos e a mudarem de vida para melhor com as redes sociais”. Daí que fique “orgulhoso de fazer parte dessa criação”. “Ainda estamos no início de perceber como tudo isto terá impacto a sociedade”, daí admita que a internet mudou o mundo em muito pouco tempo, por isso “é normal que ainda não estejam no ponto”.
O que se passa com o Twitter
Sobre a rede social que ajudou a funda, o Twitter, Ev admitiu arrepender-se de algumas funcionalidades criadas no início, mas diz ter esperança que tudo irá melhorar. Evitou comentar críticas sobre o Twitter ter piorado a democracia, mas admitiu que “há muito que podemos fazer para melhorar”. “Não podemos deixar de fazer algo porque pode estar errado, isso paralisa-nos, devemos saber que podemos errar mas não parar por isso”, explicou. Recordou, por exemplo, quando foi ao programa de Oprah para falar do Twitter na mesma altura em que Ashton Kutcher estava perto de chegar ao milhão de seguidores. “Na altura ter a indicação de quantos seguidores o utilizador tem ajudou-nos a crescer, mas hoje se calhar fazm menos sentido”. Certo é que
O que mais me preocupa, é a tecnologia acelerar que os ricos fiquem mais ricos. As mudanças climáticas também me preocupam, porque a certa altura pode chegar ao momento em que só alguns ricos podem sobreviver.
Sobre o futuro em geral, o que mais o preocupa, “é a tecnologia fazer com que os ricos fiquem mais ricos”. “As mudanças climáticas também me preocupam, porque a certa altura pode chegar ao momento em que só alguns ricos podem sobreviver”, concluiu.