Google expande função de auto-delete dando aos utilizadores mais opções de controlo de privacidade que incluem sugestões de uso dos dados pessoais com ajuda de inteligência artificial.
A Google anunciou esta tarde várias novidades pensadas no reforço da privacidade dos seus utilizadores, incluindo mesmo opções e sugestões para os utilizadores menos experientes. Em destaque está o novo sistema auto-delete, ou controlo de eliminação automática que, na prática, permite a cada utilizador, novo ou antigo, escolher apagar automaticamente e de forma contínua os seus dados pessoas do histórico da empresa. Também são disponibilizadas novas opções para tornar a utilização de ferramentas de privacidade mais fácil, simples e presente no dia a dia dos utilizadores.
Falámos numa mesa redonda online com Sam Heft-Luthy, Product Manager da área de privacidade e confiança do utilizador da Google, sobre o tema. O engenheiro norte-americano trabalha a partir de São Francisco mas explica que várias das inovações nesta área vêm do Centro de Privacidade e Segurança de Munique, na Alemanha.
No caso do tal auto-delete, o destaque vai para a forma como os utilizadores vão ter cada vez mais visível a opção de poderem ativar a tal eliminação automática dos seus dados, que pode ser feita a cada 3 ou 18 meses. Na prática, acionando essa opção os dados pessoais do histórico de localização, de pesquisa e atividade de voz de cada um são eliminados no período estabelecido. E, agora, sempre que alguém entra no seu Histórico recebe logo um popup para poder ativar a opção.
Na verdade, esta modalidade já estava prevista desde o ano passado pela empresa mas só agora chega de forma generalizada aos utilizadores.
Como é que funciona?
Começa hoje esta modalidade que permite a todos que forem ao Histórico de Localização ativar eliminação automática que, por definição, está agora estabelecida nos 18 meses. E no caso da Atividade da Web e de apps a Google explica que a eliminação automática também será definida, automaticamente, para 18 meses para novas contas. “Isto significa que os dados de atividade serão apagados de forma automática e continuamente após 18 meses, em vez de mantidos até o utilizador decidir apagá-los”.
Quem já tivera ativado antes o chamado Histórico de Localização e a Atividade da Web e de apps, a Google indica que não irá alterar as configurações, mas vai vamos relembrar, de forma ativa, os controlos de eliminação automática através de notificações e e-mails para que o utilizador possa definir o período de eliminação automática adequado a cada um.
Esta opção vai também estar disponível no YouTube, com eliminação automática por definição de 36 meses – a opção de 3 a 18 meses também está disponível. De foram ficam outros produtos com características diferentes como o Gmail, Drive e Fotos.
Sam Heft-Luthy admite que as maiores alterações agora são no domínio de tentar ajudar mesmo os utilizadores menos experientes, com sugestões e notificações. Daí que os controlos de privacidade passam a estar disponíveis dentro da própria pesquisa, com o motor de busca da empresa a ajudar desde logo os utilizadores na missão de controlarem as opções disponíveis. “O Privacy Check Up ou Verificação de Privacidade que temos desde 2016 deixa de ser uma lista estática de controlos e passa a ter dicas guiadas, por exemplo, tendo uma postura bem mais proativa com recomendações personalizadas”, explica Heft-Luthy que admite que agora há novos modos “para decidirmos o que acontece à nossa conta se ficar inativa um determinado tempo”.
Assim, se esta semana começar a receber notificações da Google para verificar a sua privacidade não fique surpreendido.
Acesso ao modo incógnito mais simples
O acesso ao modo incógnito nas apps mais populares da Google, seja a de pesquisa, Maps ou YouTube também ficou mais simples e para ativar o modo em que teoricamente entramos anónimos num serviço está disponível ao clicarmos alguns segundos na imagem de perfil. Já esta quarta-feira fica disponível em iOS na app Google, seguindo-se nas próximas semanas em Android e noutras aplicações.
Sam Heft-Luthy lembra ainda que devem ser criados novos standards na indústria tecnológica para a privacidade e segurança e que não basta dar opções relacionadas com os dados às pessoas, “é preciso garantir que os dados estão seguros e não são usados onde não devem ser usados”. Apesar disso, o engenheiro reconhece que há vantagens em ter acesso aos dados de forma anónima, como se viu durante a pandemia onde a Google mostrou que as deslocações de pessoas em certas cidades caiu mais do que noutras.
“O que vejo da liderança da Google é um desejo de levar estar abordagem de segurança e privacidade a sério, ter uma postura responsável face à vida das pessoas e não ter só bons produtos, mas também ferramentas que permitam um controlo mais eficaz deles”, explica.
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