Desde o início do ano que a Linha Internet Segura é operacionalizada pela Associação de Apoio à Vítima (APAV). A Associação lança agora uma nova campanha, que também pretende trabalhar numa frente defensiva, alertando para os perigos da exposição online.
De janeiro de 2019, a APAV já recebeu cerca de 500 casos de pornografia infantil online. Segundo Ricardo Estrela, gestor operacional da Linha Internet Segura da APAV, é este tipo de denúncias a conteúdos que compõe a maioria das denúncias feitas à linha, que está disponível através de telefone ou de formulário de contacto no site. Além disso, a Linha Internet Segura também atua noutras áreas, recebendo denúncias sobre casos de incitamento ao ódio e racismo ou incitamento à violência.
A campanha de sensibilização para a Linha Internet Segura foi lançada esta semana, com o intuito de divulgar o trabalho desta iniciativa. A APAV refere que “tendo em conta aquilo que é o volume de contactos, é um serviço que ainda tem pouca visibilidade, ainda por cima para uma temática tão atual como é o cibercrime”, diz Ricardo Estrela.
É através dos formulários de contacto online que chegam grande parte das denúncias. Ricardo Castela enumera os casos. “Pais com formulários de contacto onde se mostram preocupados com conteúdos de menores partilhados no WhatsApp dos filhos ou que vêem que os filhos estão a ter conversas de cariz sexual, que envolvem a partilha de imagens e ficam preocupados… Quando sabemos que esses casos estão relacionados com portugueses referenciamos para a Polícia Judiciária”, indica o porta-voz da Linha Internet Segura. Para efeitos de remoção de conteúdos, a APAV só pode interceder junto das autoridades competentes caso as imagens estejam alojadas em Portugal. Caso se trate de hospedagem fora do país, aí é feita uma denúncia à INHOPE, entidade que agrupa as linhas de apoio a nível internacional.
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Além das questões de pornografia infantil online, a Linha Internet Segura atua também em casos de burla online, por exemplo. E há um crime que está de regresso, explica Ricardo Castela. “É um esquema do passado, mas agora as narrativas estão mais credíveis”, indica o porta-voz, referindo-se ao fenómeno dos love scams. “E aí estamos a verificar uma tendência crescente”. Através das redes sociais, um simples pedido de amizade pode transformar-se num pesadelo: quem está do outro lado do ecrã conta uma elaborada narrativa e, depois de ganhar a confiança da vítima, há um pedido de empréstimo de dinheiro. “O caso mais grave resultou numa burla de cinco mil euros”.
“O ideal seria que as pessoas nos contactassem, de todas as faixas etárias, ainda antes de acontecer qualquer situação”, explica o porta-voz da Linha Internet Segura. “A linha está criada para atuar depois de a pessoa ter sido vítima de crime, mas também está disponível e preparada para dar alguns conselhos e prestar informação sobre como partilhar conteúdo na Internet de uma forma segura”, assegura.
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A Linha Internet Segura faz parte do Consórcio da Internet Segura, onde estão várias entidades, como a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Direção-Geral para a Educação, o IPDJ, a Microsoft Portugal, a APAV e a Fundação Altice.
A Linha Internet Segura (LIS) está disponível através do número de telefone 800 219 090 (funciona todos os dias úteis, das 9 às 21 horas) ou através do site, onde está um formulário de denúncia.
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