Microsoft e Amazon na cloud. “São comboio de alta velocidade que ninguém pode parar”

Dominique Galloy, CEO da Sigma Conso

Fortino Capital Partners investe na Sigma Conso, fornecedora de software para empresas com centro de desenvolvimento em Lisboa. Falámos com Dominique Galloy, CEO da Sigma Conso sobre o futuro da empresa e do software empresarial, onde cloud será rainha.

Há muito que a Sigma Conso, um fornecedor de software de Corporate Performance Management em rápido crescimento, tenta ser aliado das empresas fornecendo “soluções de software essenciais para a sua missão”. Agora, a tecnológica fundada em Bruxelas em 2002 e que tem um dos seus principais centros de desenvolvimento em Lisboa, é alvo do investimento da Fortino Capital Partners, uma sociedade focada no investimento em tecnologias e transformação digital da região do Benelux. 

O valor do investimento não foi revelado, mas estará entre os 10 e 30 milhões de euros. O belga Dominique Galloy, CEO da Sigma Conso, explica-nos que a sua empresa quer crescer e conta como este novo apoio para o fazer, daí que esteja a contratar inclusive em Portugal (querem passar de quatro para oito engenheiros e, para isso, buscam o “talento com os conhecimentos certos para fazer a empresa evoluir”). 

O objetivo é tentar duplicar nos próximos tempos os 40 colaboradores a tempo inteiro e aumentar também os 600 clientes atuais, espalhados por escritórios entre a Europa e a Ásia (Singapura, Kuala Lumpur e Jakarta) e dar maior personalização no tipo de serviços oferecidos do que outros gigantes da área, incluindo a presença obrigatória por estes dias na cloud – com parceria com a Microsoft.

A oferta da Sigma Conso, que inicialmente se focou em software especializado em consolidação financeira, tem sido expandida nos últimos tempos. “Temos agora soluções que respondem a todas as necessidades dos CFOs a nível de Corporate Performance Management (consolidação, reconciliações entre as várias subsidiárias ou/e empresas de um mesmo grupo, orçamentos, planeamento e relatórios de gestão) e muita da inovação que serve os 20 países onde estamos vem do centro de desenvolvimento em Lisboa”, explica Dominique Galloy que além de CEO é, desde 2006, proprietário. 

Em relação à pandemia, Galloy admite que as receitas foram afetadas – o ano passado conseguiram 10 milhões de euros -, mas houve aumento de novos clientes e de novas necessidades onde a política da empresa de oferecer ainda serviços de formação e aconselhamento é apontada como uma “mais valia”, com particular foco na experiência na área financeira. “Vimos cada vez mais líderes de empresas a acelerarem os processos de digitalização”, explica o CEO da Sigma Conso.

Em Portugal alguns dos clientes são o grupo Auchan, Grupo Casais, Everis, Torrent e Parques Reunidos. No entanto, o maior foco para o país não é tanto as receitas, que são pequenas face ao resto do mercado europeu (a maior parte vem da Bélgica) e do mercado asiático, mas sim o centro de desenvolvimento “para criarmos novas funcionalidades”.

Em comunicado, a Fortina Capital explica que o software de gestão financeira é um segmento de mercado vital enquanto investidor em software B2B, sobretudo após o investimento que realizou na MobileXpense, um fornecedor europeu líder em soluções de gestão de despesas. A Fortino Capital adquire, assim, a Sigma Conso “para impulsionar ainda mais o crescimento desta empresa e para a apoiar na expansão acelerada do seu negócio a nível internacional”, naquele que é é o 20º investimento em software B2B da Fortino Capital.

Prever finanças em tempos de covid e Brexit

Dominique Galloy explica-nos que a aposta em inteligência artificial nas ferramentas de software já é tem algum tempo, mas o objetivo é estender isso para o que chama de automatização robótica. Uma das oportunidades nestes tempos de incerteza com a pandemia está relacionada com as previsões para o futuro.

“O nosso software consegue fazer, com os dados certos, simulações e previsões sobre o futuro das empresas seja com a pandemia ou com o Brexit e isso faz toda a diferença nos departamentos financeiros”. Galloy dá o exemplo da pandemia, onde várias empresas têm clientes que deixam de pagar: “o software mostra rapidamente o que acontece se os clientes não pagaram nos próximos 90 dias e aponta caminhos”. Simular projeções em tempos de covid e Brexit têm sido, assim, os produtos mais desejados.

E como é que a Sigma Conso se distingue dos gigantes tech?

Gigantes do software para empresas como SAS e SAP estão na linha de concorrência da Sigma Conso. Dominique Galloy explica que a sua empresa tem “algo que os outros não conseguem tão bem”. “Somos mais ágeis, flexíveis e rápidos a reagir e adaptamo-nos ao cliente e ao que vai acontecendo e incluímos nas ferramentas um serviço personalizado”, adianta. 

Outro factor que adianta é o nível de segurança e privacidade com que diz que a Sigma Conso é reconhecida no sector. “A digitalização tornou-se muito mais importante em 2020 do que alguma vez era em 2019, daí que a cloud fulcral, mas é preciso acrescentar à cloud segurança e privacidade no próprio software e isso faz toda a diferença”, explica.

O sonho deste gestor belga é poder incluir diretamente na plataforma que fornecem, por exemplo aos departamentos financeiros, além das soluções personalizadas que já fornecem, “um especialista on demand sempre que quem está a gerir a ferramenta naquela altura tenha dúvidas, com pergunta e resposta imediata e tudo na mesma plataforma.”

E tudo a cloud levou

A presença na cloud é uma necessidade para todas as empresas, admite o responsável da Sigma Conso e, aí, Microsoft e Amazon têm tido “um papel importante”. “É uma tendência lançada há dois anos e é como um comboio de alta velocidade: não vai parar”. Galloy diz mesmo que “só um vírus informático impensável é que pode parar a transição das empresas para a cloud”.

Sobre o crescimento da Microsoft e Amazon Web Services como principais fornecedores mundiais de serviços de cloud, o CEO da empresa admite que será inevitável e, dentro de um ano, serão muito maiores. 

“Eles providenciam serviços que fazíamos no passado nós mesmos, mas isso obrigava-nos a técnicos específicos e ocupava muitos recursos e dinheiro. Usando esses serviços, ganhamos eficiência e mais foco e tempo para nos dedicarmo-nos aquilo que acrescenta verdadeiramente valor à nossa empresa”.

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