Regulador britânico diz que o RGPD não está a ser cumprido e promete uma investigação mais detalhada dentro de meio ano.
A indústria dos anúncios licitados em tempo real – conhecidos como real-time bidding (RTB) – está a processar dados pessoais dos utilizadores de forma ilegal, concluiu o regulador da proteção de dados do Reino Unido (ICO). Apesar de não referir nomes no seu relatório, esta é uma prática de venda de publicidade online usada por empresas como a Google, Facebook, Microsoft e AOL.
O real-time bidding consiste numa venda de anúncios, em tempo real, por licitação: quando visita uma página web, várias empresas licitam entre si para que os seus anúncios sejam mostrados aos utilizadores no espaço reservado para publicidade. Isso significa que o anúncio que depois vai ver foi o anúncio que pagou mais para ali estar.
Este leilão acontece em milissegundos, durante o carregamento da página, e é direcionado para cada utilizador tendo em conta dezenas de dados que são recolhidos através dos navegadores de internet.
“Uma visita a um website, que aciona um leilão entre os anunciantes, pode resultar na visualização dos dados pessoais do utilizador por centenas de organizações, de uma forma que sugere que as regras da proteção de dados não estão a ser suficientemente consideradas”, escreve o regulador britânico no seu relatório.
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“Partilhamos as nossas preocupações – a criação e partilha de perfis com dados pessoais sobre as pessoas, à escala que vimos, parece desproporcional, intrusiva e injusta, particularmente quando as pessoas muitas vezes não estão conscientes que está a acontecer”, acrescenta ainda.
O relatório vai agora ser passado às empresas da indústria dos anúncios RTB e o regulador espera uma resposta. Mas também já foi dado o aviso: dentro de seis meses vai ser feita uma análise mais detalhada às práticas das empresas no Reino Unido.
“Segundo o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), usar dados pessoais sensíveis para servir anúncios requer o consentimento explícito das pessoas, o que não está a acontecer atualmente”, sublinha Simon McDougall, do ICO, em declarações à publicação Forbes.
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