Uber e Lyft podem não ter de parar. Tribunal deixa decisão na mão de eleitores

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Uber e a Lyft podem ter evitado a paragem da operação na Califórnia. Em causa está a categorização dos motoristas como funcionários das empresas.

Um novo desenvolvimento no processo em curso na Califórnia, que poderá obrigar a Uber e a Lyft a integrar os motoristas nas empresas, evita que os dois serviços de mobilidade tenham de parar temporariamente no estado.

Na semana passada, o tribunal da Califórnia considerou, numa fase preliminar, que as duas empresas eram obrigadas a integrar os motoristas que prestam serviço nas respetivas empresas, passando a ter direitos semelhantes aos dos restantes trabalhadores.

Rapidamente tanto a Uber como a Lyft afirmaram que, caso tal acontecesse, seriam obrigadas a pôr as operações no estado em pausa, já que não conseguiriam cumprir com as novas regras da Califórnia. No caso da Uber, a empresa dizia inclusive que tal prejudicaria os motoristas, numa altura em que as viagens baixaram significativamente devido ao confinamento durante a pandemia.

De acordo com a Reuters, um novo ponto de situação divulgado esta quinta-feira favorece, pelo menos por agora, a Uber e a rival Lyft. O tribunal, que deveria retomar trabalhos a 13 de outubro, poderá não conseguir tomar uma decisão final até antes de novembro. Nesse mês, estará a votos a Proposition 22, que propõe aos eleitores um regime em que os trabalhadores deste tipo de plataformas digitais não tenham de ser integrados nas empresas, reforçando a chamada gig economy. Assim, a decisão sobre esta questão poderá ficar na mão dos eleitores californianos e nem tanto do tribunal.

Esta proposta é amplamente apoiada por empresas como a Uber, Lyft ou as apps de entrega de refeições DoorDash ou Postmates. Uma sondagem feita em agosto nota que 41% dos eleitores estava do lado das empresas; já 26% reprovava a proposta.

Esta semana, entrevistado por Kara Swisher e Scott Galloway no podcast Pivot School, Dara Khosrowshahi afirmou que a empresa não tem capacidade para integrar todos os motoristas na Califórnia. “Não podemos ir até lá e contratar 50 mil pessoas da noite para o dia”, afirmou. A operação naquele estado representa 9% das viagens globais da Uber, de acordo com dados da empresa, divulgados em novembro.

No caso da Lyft, que trabalha apenas nos EUA, a Califórnia contribui com 16% das viagens.

A discussão sobre o tema da categorização dos motoristas e estafetas de entregas de refeições como funcionários das empresas não é nova, mas a decisão preliminar da semana passada representou um ponto de viragem. Enquanto os motoristas reclamam por direitos de trabalho e maior segurança laboral, as empresas indicam que mudanças deste tipo podem restringir a flexibilidade que tem permitido a operações deste género vingar no mercado.