Dicas partilhadas no Maps levaram portuguesa até à Google

    Google Maps
    A edição de 2019 do evento juntou 200 guias locais nos EUA, oriundos de 64 países. Patrícia Almeida está ao centro, com a bandeira de Portugal. Foto: DR

    Partilhar pequenas dicas e imagens no Google Maps levaram uma portuguesa até à sede da Google, nos EUA. App de navegação assinala 15 anos de vida.

    Uma grande parte dos contributos de Patrícia Almeida para a comunidade Google Maps é feita a partir da pérola do Atlântico. As fotografias estão entre as contribuições favoritas da professora – explica que as paisagens da Madeira dão uma ajuda nesse campo. Se ao longo dos anos a partilha de dicas e fotografias no Maps funcionava quase como um jogo, no final de 2019, esta viagem ganhou outra cor.

    Patrícia é, até agora, a única portuguesa a participar no Connect Live 2019, organizado anualmente pela Google, para reunir a comunidade de guias locais. Através de concurso, a gigante da internet seleciona 200 utilizadores que partilhem de forma voluntária informações no Maps, de vários pontos do globo. Os escolhidos têm uma viagem assegurada até ao local onde todas as funcionalidades de navegação são desenvolvidas – a sede da Google, em Silicon Valley, nos Estados Unidos. O concurso é aberto a quem tenha, no mínimo, o nível 5 no programa, o equivalente a 500 pontos.

    A iniciativa de pontos do Local Guides é um dos maiores exemplos de gamificação: fazer um comentário, verificar informações ou partilhar fotos e vídeos no serviço valem pontos, que contribuem para subidas num ranking global.

    Para Patrícia Almeida, natural de Oliveira de Azeméis e professora do ensino especial na Madeira, o convite para participar no concurso de acesso ao evento já tinha acontecido. “Recebi o convite em 2018, mas não participei porque achei que nem sequer ia ter hipótese.” Quando o segundo convite chegou, decidiu arriscar, depois de alguma pesquisa. “Vi vídeos de pessoas que já tinham feito candidaturas e estranhei não ver nenhum português. Falamos bem inglês, temos à vontade, estranhei. O programa está muito divulgado na Índia, no Paquistão, há milhares de pessoas a concorrer e pelos vistos em Portugal ainda não há muita gente a participar.”A aposta compensou e, em novembro do ano passado, foi selecionada para viajar até à sede da Google, integrando o grupo de 200 Local Guides.

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    “Foi uma experiência fantástica, porque foram quatro dias em que estive em contacto com funcionários da Google de diferentes áreas, desde o motor de pesquisa até ao Maps”, exemplifica. Além de ter uma visão diferente sobre as ferramentas que ainda vão chegar ao serviço, destaca ainda a experiência de contacto com voluntários do Maps de outras partes do globo. “Uma das guias locais que conheci era empregada de uma fábrica da Nike na Indonésia, conheci um guia local que trabalha numa central nuclear em França… Conheci pessoas de vários países, todas com profissões completamente diferentes.”

    Sendo professora do ensino especial, as contribuições que faz estão muitas vezes ligadas a questões de acessibilidade – algo que tem vindo a ganhar força nas indicações do Google Maps nos últimos anos. Ultimamente, refere que a frequência das contribuições tem aumentado. “Quase todos os dias partilho uma fotografia. No início achava piada porque era quase um jogo, mas não fazia contribuições tão assíduas. De há um ano para cá acho que faço com muita frequência. Enquanto há pessoas que estão viciadas noutros jogos, vão ganhando pontos, aqui no fundo estamos a ajudar outras pessoas.”

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    A professora revela ainda algum espanto pelos números que as contribuições partilhadas podem atingir. Afinal, uma foto do hospital privado de São João da Madeira reúne mais de 500 mil visualizações.

    Depois do evento, Patrícia Almeida ganhou até uma nova designação entre a família e os amigos. “Agora sou a ‘rapariga da Google’ para toda a gente”, brinca. “Pensamos que é uma daquelas coisas que só acontecem aos outros, mas, afinal, não.” O próximo nível está agora a 19 mil pontos de distância.

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