ITUp ruma à Terceira para oferecer formação em OutSystems

ITUp, Terceira Tech Island
Fonte: ITUp

A ITUp é especializada em formação na plataforma OutSystems. No final de março, arranca com um bootcamp gratuito na Ilha Terceira. O objetivo? Formar profissionais numa carreira rentável, integrada no projeto Terceira Tech Island, que quer aproveitar a potencialidades da ilha, transformando-a num pólo tecnológico. 

Luís Campos trabalhou uma década na OutSystems, uma das três empresas unicórnio com ADN luso. Foi o funcionário n.º 48 da tecnológica, que para chegar ao estatuto de unicórnio foi avaliada em mais de mil milhões de dólares. Luís Campos é fundador e CEO da ITUp, empresa que se dedica a dar formação em OutSystems – a plataforma com o mesmo nome criada pela empresa portuguesa, que permite o desenvolvimento rápido de aplicações de software, o chamado low-code. Aplicações que poderiam demorar vários meses a ser feitas passam a ter um desenvolvimento mais acelerado, reduzindo custos e tempo gasto pelos programadores.

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O facto de permitir o desenvolvimento mais acelerado de aplicações e outros produtos está a atrair um número crescente de empresas para este tipo de ferramenta, atraídas pela redução de custos e facilidade de desenvolvimento de produtos tecnológicos. E, se há mais empresas a recorrer à plataforma OutSystems, é necessário haver profissionais que consigam trabalhar este tipo de ferramentas – e Portugal não foge à regra, com a procura por este tipo de profissionais a aumentar gradualmente. Foi aqui que a ITUp viu uma oportunidade de negócio, em 2015.

“A parte mais importante é que havia uma falta de recursos OutSystems muito grande no mercado e tornou-se óbvio que era uma oportunidade de negócio muito boa. E associar a uma boa oportunidade de negócio a parte de conseguir também ajudar uma série de pessoas a arranjar trabalho foi a génese da ITUp, que começou a ajudar pessoas a fazer reconversões”, explica Luís Campos, dando algum contexto sobre a fundação da empresa. “E é um pouco isso o que vamos fazer nos Açores, também”.

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Integrado no programa Terceira Tech Island, que pretende revitalizar a Ilha Terceira, nos Açores, tornando-a num pólo tecnológico, a ITUp vai dar oportunidade de formação a 60 pessoas, ao longo de 2019, em bootcamps intensivos de doze semanas, onde será possível aprender a trabalhar com este tipo de plataforma. Os bootcamps são gratuitos, com as candidaturas disponíveis até ao dia 11 de março, através do site da ITUp.

Na Terceira, esta parceria com a ITUp representa um investimento de 300 mil euros por parte do Governo Regional dos Açores. Além disso, ainda está prometido alojamento gratuito aos formandos que façam este tipo de pedidos. Após o curso, a ideia é que os formandos possam ser integrados em empresas localizadas na ilha açoriana.

“O processo de entrada é composto por quatro etapas. As primeiras são relativamente simples: mandar o CV, etc. Depois têm de ver um pequeno tutorial OutSystems e é dado aos candidatos um exercício para fazerem, que depois é corrigido. Não é um exercício muito difícil, porque o que que queremos é perceber o compromisso da pessoa – se alguém investe quatro, cinco horas, a fazer a fase dois e três está verdadeiramente interessado”, explica Luís Campos, contextualizando as várias fases do processo para integrar esta academia.

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“Estamos à procura de pessoas que consigam pensar e não que percebam de informática, neste curso não precisamos que as pessoas saibam nada de informática, qualquer pessoa pode participar”, esclarece o CEO da ITUp, que ao longo dos anos já deu formação a mais de 1134 pessoas, em todo o mundo. A taxa de empregabilidade da ITUp situa-se nos 98,8%.

“Qualquer pessoa se pode inscrever. Já convertemos psicólogos, arquitetos paisagistas, engenheiros civis… Aliás, quando começámos [as formações], a construção estava parada e havia muitos engenheiros civis desempregados – e convertemos muitos”, exemplifica Luís. O responsável da ITUp explica ainda que também é dada atenção às soft skills. “Há uma parte da nossa formação que também é ligada a esta parte, a trabalhar estas competências: técnicas de comunicação, trabalho em equipa, preparação para entrevistas… O nosso objetivo não é só formá-las, é que as pessoas depois consigam um trabalho”. Passados alguns anos, Luís Campos já viu alguns formandos da academia inicial começar a liderar equipas de desenvolvimento em OutSystems.

Uma carreira atrativa

Luís Campos não consegue quantificar concretamente quantos profissionais com formação em OutSystems são necessários no mercado português. “Isso é a pergunta do milhão, é difícil dar um número concreto. Mas posso dar alguns factos: se se for procurar nos motores de busca ou no IT Jobs, há perto de 600 vagas – mas isto são só aquelas que estão publicadas. Como também ainda é um nicho, é ainda muito tratado entre pessoas que se conhecem. Mas se formos à Holanda, Estados Unidos, Singapura, temos o mesmo tipo de problema de falta de pessoas”, reconhece.

“Em Portugal, que era o mercado mais maduro, onde esse problema [necessidade de profissionais OutSystems] estava a começar a ser resolvido, começa-se a agudizar porque as pessoas mais seniores começam a ir para fora de Portugal”, explica, referindo os salários mais altos além-fronteiras. “Obviamente o salário lá fora é muito mais atrativo do que em Portugal, as pessoas começam a ‘fugir’ e voltamos a ter um problema, só que maior do que era há três ou quatro anos em Portugal. E isto também está associado crescimento da OutSystems”, que tem uma presença cada vez mais global.

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De acordo com o Salary Survey 2019, levado a cabo pela consultora Robert Walters, um programador OutSystems, com dois a cinco anos de experiência, recebe em média entre 25 e 40 mil euros anuais em Portugal. Luís Campos não refere apenas o atrativo dos salários anuais como uma oportunidade para quem quiser apostar numa nova carreira. Para o CEO da ITUp, o facto de haver uma rápida progressão na carreira: “comparando com outras carreiras em tecnologia, é possível chegar-se a team leader em um ano, um ano e meio”.

O estudo da consultora Robert Walters aponta ainda que, em comparação com 2018, o salário anual de um programador OutSystems em início de carreira aumentou: de um intervalo de 25 a 35 mil euros anuais, em 2019 a estimativa é de um rendimento anual entre os 25 a 40 mil euros, para experiência entre dois a cinco anos. Quem tenha mais de dez anos de experiência em OutSystems poderá ganhar entre os 50 a 70 mil euros anuais, aponta a consultora.

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