Margrethe Vestager defende que a tecnologia está a mudar a democracia – mas que é preciso saber se merece a confiança dos utilizadores.
Foi anunciada por Paddy Cosgrave, o CEO da Web Summit, como um dos nomes mais importantes do panorama tecnológico – e foi recebida pelo público da Web Summit com uma chuva de aplausos, à la rock star.
Foi a segunda vez da comissária europeia na Web Summit, para falar sobre a temática da concorrência no mundo tecnológico. O alvo continua bem apontado – empresas como a Google, que, este ano, foi alvo de uma avultada multa, por não respeitar as regras da concorrência.
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Para Vestager, esta revolução digital assemelha-se a como andar numa montanha-russa. “Não sabemos dizer que tipo de vida digital vamos ter dentro de 10 ou 20 anos, mas é possível garantir que a [tecnologia] vai mudar a nossa vida”, explica, acrescentando também que, sim, pode ser divertido andar numa montanha-russa, mas numa em que “só se sentra quando se tem a certeza de que vai ser divertido”.
“E essa é uma das questões: vamos estar seguros?”, pergunta, relativamente ao mundo da tecnologia. “A tecnologia digital tem imenso poder para fazer o bem, mas com imenso poder também surgem grandes riscos. E não é um ataque à tecnologia reconhecer que esses riscos são reais”, reforça.
“Os dados dão-nos um novo entendimento sobre o mundo. Mas quando poucas companhias têm muitos dados… E sem concorrência, os consumidores não estão bem servidos”, aponta a comissária europeia.
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Os alertas da comissária não são propriamente novos, mas há sempre um ponto subjacente: o utilizador final. Na ótica da política dinamarquesa, não vale tudo no caminho para a tão almejada palavra ‘inovar’. “A inovação faz a nossa vida melhor, mas não há razão para desrespeitar a privacidade, por exemplo, em nome da inovação.”
Já na conferência de imprensa, após a sua intervenção no palco da Web Summit, reforçou a ideia de que a Comissão Europeia está atenta às movimentações da Google, nomeadamente na questão da taxa que a empresa quer começar a cobrar aos fabricantes – e, que, se poderá refletir no preço final dos equipamentos. “Obviamente cabe à Google decidir que passos vai tomar para suplantar a decisão que tomaram. Vamos monitorizar isto, durante algum tempo, no futuro”, explica, reforçado que os casos da Google têm sido uma prioridade para o regulador europeu.