Vice-presidente da Dell: “a chegada do 5G vai ser o gatilho para mudar tudo”

Alan Atkinson é um responsável da empresa norte-americana Dell que acredita que o 5G vai trazer ser o gatilho para a evolução tecnológica.

O mundo está em mudança e, para Alan Atkinson, as empresas sem estratégia digital não vão resistir – Michael Dell já tinha dito o mesmo há uns meses, em Las Vegas. O vice-presidente de estratégia comercial da Dell e responsável da Dell Storage lembrou à Insider que a Dell tem crescido muito nos últimos anos, especialmente com a compra da EMC no final de 2016. “Ainda estamos a otimizar todas as potencialidades que a EMC nos traz.

É algo raro encontrar neste momento uma empresa como a nossa, que permita uma transformação digital real em todas as principais áreas”, diz o responsável, que passou por Portugal durante a Dell EMC Forums 2018, no Estoril.

Alan Atkinson admite que se vive na sua empresa e no mundo da tecnologia em geral “uma excitação evidente”: “No caso da nossa empresa, quem trabalha connosco sente que não vendemos só produtos, vendemos resultados consequentes, parece cliché mas é verdade”. O norte-americano lembra que a estratégia digital está na boca de todos os CEO nos dias que correm e é sempre uma das questões nas apresentações de resultados. “

“A empresas têm de ter uma estratégia digital, na internet, no móvel e no 5G. Para mim a chegada do 5G vai mudar tudo, será muito mais transformador do que foi quando passámos do 3G para o LTE”.

E como é que o 5G vai ser tão influente? Para Atkinson será esse “o motor para a evolução”. O IoT pode estar em qualquer lado, especialmente agora que os sensores não custam praticamente nada e os podemos por nos termostatos, no frigorífico, torradeira ou cafeteira”. Mas a dificuldade atual é “ter a conetividade dos dados que são necessários para ter tudo ligado”. Daí que defenda que o 5G “vai tornar a mobilidade dos dados mais capaz a nível geral e vai democratizar a conetividade entre todos os aparelhos”. Tudo isto “vai permitir ter mais dados e eficiência do que nunca, numa magnitude e com ganhos que ainda não entendemos na sua plenitude”.

Outro fator importante na evolução tecnológica será a segurança e privacidade. Atkinson acredita que mais zonas do globo vão implementar regras como as do RGPD na Europa. “A infiltração dos hackers é gigante e uma empresa sofre cada vez mais ataques que não são os tradicionais. Já não querem dinheiro, querem roubar os dados e roubar a persona online”.

Depois há outras tendências importantes, como o machine learning e a inteligência artificial cuja evolução depende muito da inserção nos próximos anos do 5G, que “irá tornar as comunicações mais rápidas, globais e eficientes”.

A importância do SSD

Os disco flash ou SSD estão a substituir os chamados HDD ou discos rígidos tradicionais e isso, para o responsável da Dell, está a reduzir vertiginosamente as infra-estruturas físicas, que estão a começar a desaparecer. “O que muda com os SSD não é só o tamanho, é também a forma de os alimentar com energia e dos arrefecer”.

Daí que Atkinson dê o exemplo: “hoje posso comprar uma caixa de 7 cm e colocar lá 30TB (terabytes)”. Já num pequeno servidor “pode-se colocar 24 desses”, o que significa 720 TB”. E como é flash pode-se aplicar a chamada redução de dados, ou compressão, por isso: “em média, mesmo sendo conservador, conseguimos num espaço de um servidor do tamanho de um pequeno armário 2,1 PB (1 Petabyte é o equivalente a 1024 Terabytes), o que é algo que costumava ser o grande centro de dados com algumas salas”. 

Esta mudança implica também novas oportunidades, mesmo para quem faz apps para aparelhos móveis e não tem muitos meios nem dinheiro. “As pessoas não pensam nisso, mas as apps estão associadas a centros de dados que têm de estar algures. Agora não precisam de salas com ventoinhas para arrefecer os discos e podem estar em espaços minúsculos”.

O carro autónomo

Os discos SSD cada vez mais pequenos e a tecnologia 5G trazem vantagens também para o mundo dos carros elétricos e autónomos. “O veículo não vai ter tempo de recorrer a um centro de dados para saber de tem de travar, por isso, ao termos esse poder de computação no próprio carro, ocupando pouco espaço, damos-lhe maior imediatismo nas reação, algo que era impensável há uns anos”.