Gigante japonesa Fujitsu quer abrir centro de cibersegurança em Beja

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REUTERS/Yves Herman

Instituto Politécnico de Beja é conhecido pelas colaborações com as autoridades na investigação a crimes informáticos e pelo desenvolvimento de ciberarmas. Negociações para a abertura do centro já arrancaram.

A gigante japonesa Fujitsu quer abrir um centro de cibersegurança em Beja. O plano surge no seguimento de um protocolo assinado entre a empresa e o Instituto Politécnico de Beja e tem como objetivo criar um centro de desenvolvimento de ferramentas de segurança informática que possam ser usadas por todos os clientes da Fujitsu na Europa.

A informação foi confirmada à Insider por Pedro Samuel Pires, líder de cibersegurança da Fujitsu Portugal. “Queremos fazer uma equipa em Beja, promover o desenvolvimento da região e criar estas competências muito específicas na área forense, na área de investigação e também na parte de hunting, não só de defesa, mas também de contra-ataque em termos de cibersegurança e proporcionar este serviço dentro deste modelo de centro de desenvolvimento para toda a Fujitsu, principalmente na nossa principal área, a Europa”.

“Todos os passos que estamos a dar é para criarmos esse centro de competências e neste momento não vemos razão nenhuma para que esse centro não seja uma realidade”, acrescentou ainda o responsável.

O trabalho que o Instituto Politécnico de Beja tem feito na área da segurança informática ajudou a captar o interesse da gigante japonesa para mais um investimento em Portugal, onde já emprega perto de 1.900 pessoas.

“Beja, por via do ensino, mas também da interação com forças policiais e forças governamentais, tem ganhado estas competências e alegrar-nos-ia muito contribuir para este desenvolvimento em Beja, mas também aproveitar as excelentes capacidades que já observamos e estamos a desenvolver com o IP Beja”, acrescentou o responsável da Fujitsu Portugal.

Quanto a valores de investimento, número de pessoas contratadas e data de arranque do centro, a Fujitsu não tem ainda quaisquer informações para partilhar. Mas na semana passada a empresa já esteve reunida com os responsáveis do IP Beja para acertar mais detalhes sobre esta intenção de investimento.

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“O facto de termos uma parceria com a Fujitsu, tal como temos com outras marcas na área da informática, é sempre bom para nós. Ter um protocolo com a Fujitsu é sempre uma mais-valia, é sempre uma bandeira que nós podemos mostrar aos alunos para virem para cá – porque além do meio académico normal, há mais esta parceria”, disse por seu lado Rui Miguel Silva, professor do departamento de Engenharia da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IP Beja.

O investigador diz que o grupo de segurança informática do instituto sempre teve “uma postura ofensiva”, pois para “tentar compreender a segurança, quebramos os sistemas”. E deu depois algumas pistas sobre que projetos poderá a Fujitsu vir a desenvolver com os alunos do IP Beja.

“Nós criamos as nossas ciberarmas, ou seja, nós sabemos como é que os sistemas se combatem, como é que os sistemas se conseguem quebrar, além de conseguirmos compreender como é que eles funcionam e defendê-los melhor, conseguimos também atacá-los. (…) Se nós criarmos uma ciberarma, estamos a criar uma ciberarma que pode ser utilizada em várias circunstâncias”, explicou.

Uma das ciberarmas que o IP Beja tem desde 2014, chamada de Scan Anónimo, já foi testada em “várias instituições do Estado e em várias empresas privadas”. “O que nós fazemos é uma coisa muito simples: colocamos a arma na rede da instituição, com o pessoal do departamento de informática dessa instituição ao nosso lado, a olharem para a firewall, fazemos o ataque, utilizamos a ciberarma e eles não conseguem detetar o que nós estamos a fazer”, explicou Rui Miguel Silva.

O diretor de cibersegurança da Fujitsu diz que estes são serviços cada vez mais requisitados pelas empresas, com o objetivo de reforçarem as suas defesas, motivo que também vai fazer avançar a gigante japonesa para esta nova aposta. “Como nós em Portugal já exportamos muitos serviços para muitos países, este vai ser mais um serviço muito específico – e cada vez mais requisitado -, para podermos distribuir em todo o mundo nos clientes Fujitsu”, detalhou Pedro Samuel Pires.

Segundo dados revelados pela tecnológica, quando uma empresa na Europa faz uma auditoria às suas redes descobre que, em média, tem mais 40% de dispositivos ligados à sua rede do que o esperado. “Em Portugal pode chegar aos 50% ou 60% de dispositivos ligados à rede e em que não há ideia ou controlo desses dispositivos”, acrescentou.

Este desconhecimento e esta maior superfície de ataque faz com que muitas empresas estejam vulneráveis sem saberem. “A área de ataque deixou de ser só uma coisa que podia ser protegida de fora para dentro. Hoje em dia com a mobilidade, com a Internet das Coisas, com o lado industrial, a área de segurança deixou de ter fronteiras”, sublinhou o responsável da Fujitsu.

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