He Jiankui alterou, alegadamente, um gene nas crianças que impede que o vírus da imunodeficiência humana (VIH) se propague pelas células do corpo.
É uma notícia que promete dar que falar nos próximos tempos: o cientista chinês He Jiankui alega ter criados os primeiros bebés do mundo com edição genética. Os bebés em questão, duas raparigas gémeas, nasceram durante o mês de novembro e alegadamente são as primeiras do mundo a terem os seus genes alterados por uma ferramenta chamada CRISPR.
O investigador diz que alterou os embriões de sete casais durante os tratamentos de fertilidade, revela um exclusivo da Associated Press – mas até agora apenas uma das gravidezes resultou.
He Jiankui recusa-se a revelar a identidade e a localização dos pais das gémeas, chamadas Nana e Lulu, assim como também não diz onde é que realizou o seu trabalho.
As alegações do cientista chinês ainda não foram sujeitas a confirmação independente por parte de outros investigadores e cientistas, mas a Associated Press revela que um cientista norte-americano, Michael Deem, terá ajudado He Jiankui.
Aquilo que o cientista chinês terá feito foi ‘desativar’ o gene CCR5 das crianças, o que em teoria impedirá que o vírus da imunodeficiência humana possa propagar-se nas células. He Jiankui diz que já tinha testado a técnica em ratos, macacos e embriões humanos durante vários anos e terá pedido patentes para os seus métodos.
O que pode um lado pode vir a revelar-se um marco importante na história da ciência, caso as alegações venham a confirmar-se, também pode marcar um momento histórico no debate sobre os limites éticos da ciência.
“A sociedade vai decidir o que fazer a seguir”, disse o cientista chinês, a propósito dos possíveis avanços e problemas que a edição genética pode trazer para os humanos.
“É inconsciente… uma experiência em seres humanos que não é moralmente e eticamente defensável”, disse Kiran Musunuru, um especialista em edição genética da Universidade de Pennsylvania, a propósito das alegações de He Jiankui. Já George Church, geneticista da Universidade de Harvard, disse que a experiência “é justificável”, pelo facto do VIH representar uma ameaça para a saúde pública.