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Algumas das principais empresas do sector dos videojogos estão a criar serviços de subscrição e tecnologias que permitem jogar sem ser necessário ter uma consola dedicada. Marcas tradicionais como a PlayStation e a Xbox tentam ganhar a dianteira deste novo filão, mas há concorrentes improváveis que prometem dar luta.

Há dez anos seria impensável ter acesso a alguns dos melhores jogos exclusivos da PlayStation fora das consolas da marca, mas agora é exatamente isso que acontece. Através do PlayStation Now – serviço sobre o qual pode ser saber mais no vídeo em cima -, basta ter um computador e uma subscrição ativa para ter acesso a mais de 600 jogos de forma simples e rápida.

Quando esta plataforma é apelidada de ‘Netflix dos videojogos’, a comparação não é absurda. Mediante o pagamento de uma subscrição – 15 euros por mês ou 100 euros por ano -, só é preciso assegurar uma ligação à internet de 5 megabits por segundo, um computador ou uma PlayStation 4 et voilá, tem à sua disposição horas e horas de entretenimento em estilos de jogos muito distintos.

Apesar de ser uma novidade em Portugal, o serviço PlayStation Now já tinha sido lançado nos EUA há mais de cinco anos. Este acaba por ser o motivo que coloca a PlayStation na dianteira daquela que promete ser a próxima grande tendência de mercado no segmento dos videojogos: o streaming.

Graças às novas tecnologias de processamento na cloud e aos bons acessos de internet que existem, os videojogos deixam de estar ‘presos’ em consolas dedicadas e passam a poder ser jogados numa maior variedade de formatos. Sim, já é possível jogar no smartphone, mas a qualidade dos jogos está limitada ao tamanho reduzido dos equipamentos e que não permitem alcançar gráficos de última geração.

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Apesar de a PlayStation ser pioneira neste formato, a concorrência promete aumentar de forma considerável nos próximos tempos e a começar logo pela grande rival dos últimos anos, a Xbox da Microsoft.

“Imagina se o Netflix ou o Spotify só estivessem disponíveis num único dispositivo”. Foi desta forma que Mike Nichols, diretor de marketing da divisão de videojogos da gigante norte-americana, justificou a inevitabilidade da passagem da indústria para o streaming.

“O nosso foco sempre esteve muito ligado apenas à consola, mas assim não chegas a todos os jogadores do mundo”, acrescentou.

As declarações, feitas durante uma visita de jornalistas estrangeiros à sede da Microsoft nos EUA, e na qual a Insider/Dinheiro Vivo participou, são um aperitivo para aquilo que a empresa vai apresentar já em junho. Por agora é conhecido apenas como projeto xCloud, mas vai ser o serviço da Xbox que vai tentar democratizar o conceito de streaming nos videojogos.

“Joga o que quiseres, com quem quiseres, no dispositivo que quiseres”, disse Mike Nichols sobre a visão que a empresa está a tentar alcançar. “Os concorrentes mais tradicionais, como a Nintendo e Sony [PlayStation], são fortes nos conteúdos e também têm uma forte comunidade de jogadores, mas não têm os recursos ao nível do investimento na infraestrutura cloud como a Microsoft”, sublinhou.

Curiosamente, o líder de marketing da Xbox acredita que o grande rival no futuro pode não ser tanto a Sony e a sua PlayStation, mas antes a gigante chinesa Tencent, que também tem uma forte infraestrutura cloud para entregar jogos por streaming, tem videojogos próprios e também uma forte comunidade, que está a começar a expandir da China para o Ocidente.

Quem também quer intrometer-se nesta luta é a Google. Durante a Game Developers Conference, em março, a gigante dos motores de busca apresentou a plataforma de streaming de videojogos Stadia e a demonstração foi, no mínimo, impressionante. Permite, por exemplo, a alguém estar a ver um vídeo de um jogo específico no YouTube e quase no segundo seguinte iniciar uma partida desse mesmo título.

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“Não precisamos [de hardware dedicado]. Penso que esta é uma mudança fundamental que a indústria dos videojogos está a assumir. Os jogos sempre foram focados em dispositivos. Eram incluídos em discos, cartuchos, cassetes ou downloads ou eram desenvolvidos para tirarem partido de um dispositivo particular”, comentou Phil Harrison, líder da divisão Google Stadia, numa entrevista à publicação The Verge.

O executivo diz que a grande vantagem da Google são os seus centros de dados e a forma como vão fazer chegar os videojogos até aos dispositivos dos utilizadores – seja um smartphone, um computador ou até um televisor que tenha o periférico Chromecast. Melhor ainda: sem restrições técnicas.

Uma das vantagens dos jogos por streaming é que é possível ter gráficos Ultra HD a executaram a uma taxa de 60 frames por segundo (fps), mesmo que nativamente o equipamento não tenha esta capacidade de processamento. Isto acontece pois o verdadeiro processamento é feito por supercomputadores em centro de dados, que depois enviam o ‘resultado’ através da internet para o equipamento que estiver a ser usado naquele momento.

Apesar da proeza tecnológica que a Google parece ter alcançado com o Stadia – sobretudo ao nível da baixa latência -, ainda há muitas dúvidas que estão por esclarecer sobre esta plataforma específica. Quanto vai custar? Qual vai ser o modelo de negócio para os estúdios? Quantos jogos vai ter disponíveis?

Independentemente dos prós e contras que podem estar associados aos diferentes serviços de streaming, restam poucas dúvidas que a maior indústria de entretenimento do mundo, avaliada em mais de 100 mil milhões de dólares todos os anos, vai sofrer uma transformação radical a curto prazo. Os videojogos tal como os conhecemos não vão acabar, simplesmente vão ‘morar’ para a nuvem.

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