Um dia vamos viver nas nuvens e apanhar elevadores para o espaço

Elevador espaço Thyssenkrupp

O espaço parece mesmo ser uma paragem obrigatória para o futuro da Humanidade. Será este o futuro do elevador e de uma nova etapa de mobilidade?

Andreas Schierenbeck, atual diretor executivo da ThyssenKrupp Elevators e um dos maiores especialistas mundiais na área, considera que um dia podemos mesmo ir de elevador para o espaço. Só não será num curto espaço de tempo.

“Isto é um sonho muito antigo na indústria dos elevadores. Sempre se pensou nisso. Um elevador para o espaço é fazível, se fizeres os cálculos. É muito alto, mas há um ponto fixo, toda a estrutura pode funcionar”, começou por dizer o executivo em entrevista à Insider/Dinheiro Vivo.

Se por um lado a engenharia diz que sim, a tecnologia diz que não. Na opinião de Andreas Schierenbeck, ainda não temos o que é necessário para fazer cumprir este sonho.

“Se é fazível no momento, penso que não. Precisas de materiais muito leves e não vejo, de momento, que seja algo no qual possamos começar a trabalhar”.

Além disso, o modelo de negócio também pode não ser simpático para quem quiser arriscar e criar um elevador espacial – e já há de facto empresas que têm esta ideia no papel. Para o líder da ThyssenKrupp Elevator, “há outras tecnologias mais baratas de momento” para transportar mercadorias ou passageiros para o espaço, como os foguetões reutilizáveis da SpaceX ou da Blue Origin [ainda em testes].

“Eles estão a baixar o preço de colocar satélites no espaço. O modelo de negócio [do elevador espacial] ficaria numa situação delicada, porque terias investido muito dinheiro nessa tecnologia”, lembrou.

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E claro, ainda seria necessário ultrapassar uma questão importante: se o elevador espacial avariasse a meio do percurso, seria muito difícil de resolver a situação. “Ninguém está lá para te salvar, não há edifícios à tua volta”.

Antes do espaço, as nuvens

Um elevador para o espaço pode ser um passo demasiado grande para o que a tecnologia permite atingir de momento, mas viver nas nuvens pode não ser tão difícil.

Andreas Schierenbeck acredita que à medida que a densidade populacional nas cidades aumenta – estima-se que 70% da população mundial vai viver nas cidades em 2050 -, a altura dos edifícios vai aumentar de forma significativa.

“Se tens mais pessoas para cima e queres ir de uma área para outra, não pode ser uma solução desceres e apanhares um taxi”, explicou. Os elevadores podem dar uma ajuda, sobretudo agora que a própria ThyssenKrupp tem o MULTI, um elevador que se desloca tanto na vertical, como na horizontal. Mas o cenário de viver nas cidades vai ser muito mais futurista, segundo o alemão.

“Provavelmente vais ver pontes aéreas e outros níveis nas cidades nas quais as pessoas podem trabalhar e viver”.

Aquilo que vai acontecer é um fenómeno de concentração: as pessoas vão viver, trabalhar, fazer exercício, compras e muitas outras atividades no seu edifício ou nos edifícios mais próximos e que estarão ligados entre si.

“Vês em Singapura, em Amesterdão, edifícios conectados nos quais podes trabalhar, viver, fazer exercício, há espaços verdes em todos os níveis, é uma solução possível. Vai criar melhor qualidade de vida”, concluiu.