Um quadro ao estilo clássico com um retrato da Renascença feito por um programa de inteligência artificial vai a leilão na Christie’s de Nova Iorque.
Pendurado numa moldura de ouro numa parede branca imaculada na galeria de Londres da leiloeira Christie’s está um retrato sombrio, temperamental de um homem em roupas pretas ao estilo puritano. Para muitos, o trabalho parece de algum velho mestre da Renascença. No entanto, no canto inferior direito do quadro está uma assinatura inesperada: uma equação matemática.
O quadro de que falamos é de Edmond de Belamy e foi feito pelo grupo de arte francês Obvious que é o mesmo que dizer, foi desenhado por um algoritmo de inteligência artificial criado pelo grupo Obvious.
“Todo o processo consiste em ter a menor participação humana possível na peça acabada”, diz Gauthier Vernier, um dos três franceses de 25 anos que começaram a Obvious em abril de 2017 a partir do seu apartamento em Paris. Desde então, ensinaram um computador tudo que há para saber sobre história da arte e mostraram-lhe como fazer ele próprio o trabalho de pintura. Foi assim que a Obvious produziu 11 obras de arte, tendo a ajuda da inteligência artificial.
O processo de elaboração de um quadro
O lema da equipa é “A criatividade não é apenas para os humanos”. Agora, estão a tentar convencer o mundo da arte de que estão certos e parece estar a dar resultado. Em fevereiro, a Obvious vendeu a sua primeira peça, Le Comte de Belamy, para o colecionador sediado em Paris por € 10.000. Em outubro vão leiloar este Edmond de Belamy na Christie’s de Nova Iorque, o primeiro leilão de um trabalho gerado por IA numa grande casa de leilões.
Richard Lloyd, responsável pelas obras leiloadas pela Christie’s, organizou o leilão e acredita que será uma forma de colocar questões fundamentais sobre arte e criatividade. “Todo mundo tem a sua própria definição de uma obra de arte”, diz. “Eu pensava que a autoria humana era muito importante – esse elo com alguém do outro lado. Mas também se pode dizer que a arte está nos olhos de quem a vê. Se as pessoas acham uma obra destas emocionalmente carregada e inspiradora, então é”, diz Richard Lloyd ao site da Christie’s.