Vicente Huertas, CEO da Minsait Portugal, que opera na área da transformação digital, aponta que, após este período, a sociedade irá viver uma nova realidade e que há lições a apreender com esta pandemia.
O responsável da Minsait para Portugal reconhece que a digitalização teve um papel de destaque na forma como as empresas enfrentaram o desafiante período do confinamento. No caso da operação portuguesa da empresa, Vicente Huertas recorda que, no espaço de uma semana, a empresa passou de “10% para 90% da equipa a funcionar em teletrabalho, o que demonstra que realmente é possível”.
“Efetivamente uma pandemia como a que estamos a passar está a provocar grandes impactos económicos nas vendas e nos novos contratos para muitas empresas. Fundamentalmente está a afetar a indústria e comércio, tanto ao nível da construção e produção industrial, como nos negócios relacionados com o turismo e a mobilidade de pessoas como canal de vendas fundamental (centros comerciais, eventos desportivos e comerciais, etc.). Em geral há um impacto em todo o tecido empresarial e setor público como consequência do impacto geral na economia provocado pela pandemia”, contextualiza.
O responsável da Minsait Portugal não doura a pílula: “as pequenas empresas vão sofrer e algumas fechar”. Já “as grandes empresas vão entender a importância de usar canais digitais para reduzir o impacto económico da redução de vendas e também a importância do uso de soluções digitais para que os processos, uma vez reconstruídos ou revistos, assegurem a produção com uma melhor segurança e proteção da saúde de colaboradores e clientes.”
Para Huertas, a “digitalização atenua o impacto da pandemia nas operações e melhora o desempenho dos negócios”. Como exemplos, aponta a melhoria de operações através da automação de processos ou a redução de custos, mas também a possibilidade de captar clientes através do digital. “A digitalização ajuda ainda a atrair ou reter clientes e facilita as vendas por meio de canais que hoje se baseiam na entrada de um cliente dentro de um estabelecimento. As ferramentas podem ser usadas para facilitar a avaliação de produtos online, a compra online ou renovar contratos digitalmente, usar o live-streaming para promover produtos e serviços, usar soluções biométricas para melhorar a segurança do acesso não presencial e usar sistemas digitais para a gestão de faturas e documentos.”
Mas se a pandemia global trouxe desafios às empresas, também mostrou que há lições a retirar, especialmente quando já há empresas a tentar o regresso aos escritórios. “Na Minsait acreditamos que depois desta pandemia iremos todos viver uma nova realidade. Teremos que assumir que os processos podem ser realizados em modelos de smartworking de forma muito mais intensiva do que tínhamos previsto”.
Vicente Huertas refere ainda que ficou provado, ao longo destes meses de trabalho remoto, que “em muitas profissões a produtividade não diminuiu de forma radical, devido ao teletrabalho. Aliás, sabemos que voltar ao status quo anterior seria dramático, com um possível ressurgimento do surto ou nova pandemia”, sublinha.
“Deste modo as empresas que se antecipem nos seus modelos de negócio e produtividade serão as que vão sobreviver e triunfar. Serão necessários investimentos digitais em soluções, segurança e comunicações. A dúvida mantém-se em como os Governos e indústrias vão regular os novos paradigmas de trabalho remoto, ou com novos padrões de segurança ou de ocupação.”
“Poderá haver impactos no mercado imobiliário como consequência de novos critérios de ocupação de espaços, públicos ou privados, para além dos impactos nos modelos de negócio dos sectores que referi no início. Em qualquer caso o balanço económico da sociedade vai precisar de uma adaptação gradual a essa nova realidade. Seguramente as tecnologias de informação serão um dos sectores de adaptação mais rápida”, conclui o responsável da Minsait.
Tecnologia alimenta era do trabalho e vida remota em tempo de Covid-19