Equipa dinamarquesa, a atual melhor do mundo, não deu hipóteses à concorrência em Lisboa. Treinador da equipa elogia o público português e diz que quer voltar.
Nunca Portugal tinha recebido um evento de desportos eletrónicos tão importante – além de cá estarem as melhores equipas e os melhores jogadores do mundo, o prémio monetário também foi o maior de sempre: 220 mil euros a distribuir pelas seis equipas.
Na etapa portuguesa da Blast Pro Series, uma das principais competições internacionais do videojogo Counter Strike: Global Offensive, os dinamarqueses da Astralis não deram hipótese à concorrência. Venceram todos os jogos que fizeram em território português e no final acabaram por levar para casa o tão ambicionado troféu e 110 mil euros.
A Astralis terminou na capital portuguesa aquele que foi um ano de sonho – basta recordar que no fim de semana passado a equipa venceu o Intel Grand Slam, tendo conquistado um prémio de um milhão de dólares.
Aliás, todas as grandes competições nas quais participou ao longo de 2018, a Astralis saiu vencedora. Fazendo uma adaptação da conhecida expressão do mundo de futebol relativamente à seleção alemã, no CS:GO são cinco contra cinco e no final vence a Astralis.
“Foi incrível jogar em frente aos fãs portugueses. Não estávamos à espera que fossem tão loucos e barulhentos. Esperávamos algo mais calmo”, disse o capitão de equipa, Lukas “gla1ve” Rossander, na conferência depois da grande final contra os ucranianos da equipa Natus Vincere.
“Ninguém esperava que tivéssemos um ano tão bom e esta é a melhor versão de sempre da Astralis”, disse por seu lado Danny “zonic” Sørensen, o treinador da equipa dinamarquesa, que também deixou elogios ao público português: “Nunca experienciámos uma plateia assim, parecia um jogo de futebol. Esperamos voltar”.
A Blast Pro Series foi disputada na Altice Arena, em Lisboa, onde estiveram 6.000 pessoas a apoiar os finalistas e as restantes equipas que participaram no circuito português: MIBR, FaZe Clan, Ninjas in Pyjamas e Cloud9. Online, estiveram quase sempre mais de 200 mil pessoas em simultâneo a acompanhar o evento através de transmissões em plataformas como o Twitch.
“Para nós é sobre construir algo no qual possamos mostrar o quão divertido e atraente este torneio é. Queremos ser a Fórmula 1 ou a Liga dos Campeões. Mas antes de lá chegarmos, temos de provar que conseguimos e que o somos”, referiu o vice-presidente da empresa. “Penso que o Blast está no topo em termos de profissionalismo e é isso que atrai as melhores equipas até cá. O prémio monetário é importante para eles, mas a organização e a experiência, o facto de terem casa cheia, também é muito importante para os jogadores”, tinha dito Steen Laursen, diretor de comunicação e marca do evento, à Insider, nas vésperas da competição, que custou 1,5 milhões de euros.
“Quero agradecer à Blast Pro Series por ter escolhido Lisboa”, disse Duarte Cordeiro, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa num pequeno discurso no Altice Arena antes de arrancarem os jogos. “Façam barulho para que eles percebam que têm de fazer o Blast Pro Series em Lisboa todos os anos”.
A vontade está lá: a RFRSH, empresa responsável pelo evento, já confirmou que tenciona trazer o Blast Pro Series a Portugal novamente em 2019, mas a confirmação ainda não foi feita, pois existem pormenores que não estão fechados, como as datas.
A grande final
Para chegar ao jogo mais aguardado de todos, as equipas defrontaram-se todas entre si numa fase de grupos: ao fim de cinco jogos, as duas equipas com maior número de pontos garantiria um lugar na final. Os ucranianos da Natus Vincere (NaVi) e os dinamarqueses da Astralis foram os mais fortes.
Os ucranianos ainda venceram, de forma categórica, o primeiro de três jogos [com 30 rondas cada] por 16-7, o que fazia antever um segundo jogo renhido. Oleksandr “s1mple” Kostyliev, considerado por muitos como o melhor jogador da atualidade, puxou dos galões e ajudou os NaVi a conseguirem um arranque fortíssimo contra a melhor equipa do mundo.
Os ucranianos eram a equipa que mais apoio tinha por parte do público em Lisboa, mas nem isso foi suficiente para parar a máquina compressora que a Astralis foi nas duas partidas seguintes. Com um resultado de 9-16 e 4-16, os dinamarqueses venceram sem contestação a grande final da Blast Pro Series Lisboa.
Nicolai “dev1ce” Reedtz, que este ano disputou com “s1mple” a batalha por melhor do mundo, foi muito importante para a Astralis na vitória, mas a estrela da companhia acabou por ser outra: Emil “Magisk” Reif esteve completamente endiabrado e foi por várias vezes o ‘ganha pão’ da Astralis, acumulando várias rondas em que eliminou três e quatro adversários seguidos da equipa rival.
“Jogo desde os seis. Não esperava tornar-me profissional, jogava com os amigos por gozo. Entrar na Astralis era uma grande oportunidade e sabia que tinha de agarrá-la. A forma como estamos a jogar é o que nos distingue”, disse “Magisk” na conferência após o jogo.
Mas a jogada do dia acabaria por ir para Nikola “NiKo” Kovač, da equipa FaZe, durante as rondas de qualificação. Com dez tiros, eliminou os cinco jogadores adversários num piscar de olhos. Um dos grandes momentos que deixou os 6.000 espectadores da Altice Arena completamente ao rubro.
Guia sobre eSports, o fenómeno que está a gerar novos milionários