Depois de várias investidas, a Federal Trade Comission (FTC) e o Facebook chegam a acordo: a rede social terá de pagar cinco mil milhões de dólares.
É um valor recorde – até o próprio CEO da empresa, Mark Zuckerberg reconhece. A FTC oficializou esta quarta-feira o valor da multa, que põe fim à investigação às ações da empresa relativamente à privacidade dos utilizadores durante o caso Cambridge Analytica.
A FTC considerou que o Facebook não tomou medidas suficientes para proteger a privacidade dos utilizadores, permitindo que os dados fossem usados pela Cambridge Analytica para traçar perfis de eleitores e análise de comportamento.
A FTC nota ainda que a política de dados da empresa é “ilusória para dezenas de milhões de pessoas” que recorrem às ferramentas de reconhecimento facial criadas pelo Facebook.
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Além desta multa recorde, o Facebook pagará uma multa adicional de cem milhões de dólares, por práticas que induziram em erro os investidores no que ao uso de dados dos utilizadores dizia respeito.
Como já tinha sido avançado, o acordo com a FTC envolve ainda a formação de um comité independente para a área da privacidade, que irá supervisionar as ações do Facebook.
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Através de comunicado, o Facebook indica que este acordo “disponibiliza um novo quadro para proteger a privacidade das pessoas e a informação que é fornecida”, acrescentando que implicará ainda uma mudança na forma “como os produtos são desenvolvidos, em todos os níveis da empresa”.
Mark Zuckerberg, CEO e fundador da empresa, também partilhou uma nota sobre a histórica multa, onde indica que “foi pedido a um dos mais experientes líderes de produto [do Facebook] para assumir o papel de responsável de privacidade para produtos”. “Temos a responsabilidade de proteger a privacidade das pessoas”, afirma Zuckerberg, na mesma publicação.
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A multa surge na sequência da investigação do caso Cambridge Analytica, empresa de análise de dados que recorreu a centenas de dados pessoais retirados de um teste de personalidade no Facebook, para traçar perfis de comportamento. A empresa, que fornecia serviços às campanhas de Donald Trump e ao partido UKIP, terá conseguido traçar perfis de eleitores a partir destes dados.
Consoante os perfis de eleitor, a informação recolhida era usada para influenciar o referendo de saída do Reino Unido da União Europeia e as eleições norte-americanas, em 2016, através de mensagens direcionadas aos eleitores indecisos.
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