No ano passado, a Amazon anunciava que o seu quartel-general estava a tornar-se pequeno para a gigante de e-commerce. Começava assim a busca da Amazon por uma nova cidade para localizar um mega escritório – e quem consegue figurar na corrida está a prometer mundos e fundos para atrair a Amazon.
Quando Jeff Bezos anuncia que está à procura de um segundo quartel-general para a Amazon, que se pode traduzir num investimento de 50 mil milhões de dólares, claro que há muitos alarmes que se ligam e interesses que vêm ao de cima.
O projeto está a gerar um grande interesse, como seria de esperar: apelidado de HQ2 (headquarters 2), ficará localizado algures na América do Norte. No final do ano, existe a promessa de que Jeff Bezos, o CEO da Amazon, revele qual a localização escolhida.
Claro que a promessa é aliciante: ao longo dos próximos 15 a 17 anos, a Amazon aponta gastar os tais cinco mil milhões de dólares para desenvolver um mega complexo de quase 7,5 milhões de metros quadrados, com o potencial para empregar 50 mil pessoas. Comparando com o quartel-general de Seattle, onde a empresa foi fundada, a diferença agiganta-se: emprega 45 mil pessoas, num complexo composto por 33 edifícios. Ao longo dos anos, a Amazon, criada em 1994, terá gasto 3,7 mil milhões de dólares na sua construção.
Ao longo dos anos, não é segredo que a Amazon tem vindo a expandir os seus horizontes, indo bem mais além do retalho. Computação em cloud, muita inteligência artificial (ou não estivesse o mundo já habituado à Alexa, entretenimento, seja a apostar no cinema ou num serviço de streaming próprio, parece não haver quem pare os ‘tentáculos’ da empresa.
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Com maior ou menor secretismo, a Amazon estará ainda a penetrar na área da saúde: fala-se inclusive que seja no quartel-general de Seattle que esteja a ser desenvolvido um projeto secreto, com o intuito de fazer investigação ligada ao cancro.
Por que razão quer a Amazon um novo quartel-general?
Em primeiro lugar, por razões económicas. Existe algo que quase poderia ser chamado de ‘efeito Amazon’: quando a empresa de Jeff Bezos faz um novo anúncio, a concorrência costuma ver as suas ações – se as tiver – cair abruptamente.
Mas esta não é a única faceta do tal efeito – Seattle também viu os preços das rendas aumentar, muito à conta da Amazon. E agora parece que o feitiço se voltou contra o feiticeiro: expandir o quartel-general da Amazon na cidade seria difícil, por limitações de espaço, e extremamente caro.
Além disso, é preciso ter espaço para que os mais de 50 mil colaboradores que pretende contratar tenham espaço para trabalhar. A Amazon refere que o principal objetivo desta segunda localização estará ligado ao desenvolvimento de software. Isso se os conseguir recrutar – a luta pelos talentos de engenharia e programação é um campo de batalha, principalmente com a concorrência de outras grandes empresas.
Além disso, no comunicado onde anunciou que estava à procura de uma nova localização, a empresa referia que “estava à procura de um ambiente amigável para as empresas” – principalmente depois de Seattle ter criado um imposto adicional para os vencimentos mais elevados.
Quem está na corrida?
Atualmente, a lista já está bem mais reduzida, com vinte localizações. No total, a lista completa contava com 238 cidades, de países como Canadá, México e Estados Unidos.
Na corrida contam-se Atlanta, Austin, Boston, Chicago, Columbia, Dallas, Denver, Indianopolis, Los Angeles, Miami, Montgomery (Maryland), Nashville, Newark, Nova Iorque, Virgínia do Norte, Philadelphia, Pittsburgh, Raleigh (Carolina do Norte), Toronto e Washington.
Depois do anúncio em 2017, de que estava à procura de uma nova cidade, começaram as manifestações para ‘conquistar’ Jeff Bezos: Nova Iorque iluminou localizações com o laranja característico da Amazon. Mais extravagante era a promessa de Stonecrest, na Georgia, que prometia mudar o nome da cidade justamente para Amazon – tudo porque o investimento milionário e os restantes milhões indiretos, provenientes do maior fluxo de pessoas numa cidade, parecem compensar este género de manobras.
Regra geral, as cidades estão a oferecer vantagens económicas à Amazon, com Montgomery, no estado de Maryland, a ter a maior promessa até agora, com 8,5 mil milhões de dólares. Newark segue-se no ranking das maiores promessas, com a promessa de sete mil milhões de dólares.
Mas estes são os ‘pacotes’ de ofertas conhecidos. Segundo o New York Times, há cidades onde nem as pessoas ligadas à gestão das cidades concorrentes sabem que tipo de apoios foram prometidos à Amazon.
Quem entrou na corrida refere que além de incentivos fiscais, a Amazon pergunta também quais são as opções e limitações de trânsito, dados sobre o custo de vida e ainda quais os programas ligados a ciências de computação nas escolas da área.
Com a lista de vinte cidades já definidas, resta agora saber quem é que está melhor posicionado para receber o novo quartel-general desta gigante da Internet.