Dinheiro em smartphones dá acesso bancário a milhões de pessoas

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Um novo relatório da Mastercard confirma o poder da tecnologia móvel para melhorar a inclusão financeira. Tecnologia e dinheiro móvel podem reduzir o número de pessoas sem conta bancária no mundo em mais de um terço. 

O estudo, intitulado Unraveling the Web, demonstra que 15 países representam mais de 60% da população global sem acesso a um banco,  607 milhões de pessoas, que têm um telefone móvel, mas não uma conta bancária. A tecnologia móvel poderia proporcionar-lhes acesso imediato aos benefícios da inclusão financeira.

Exceptuando a Índia, em todos os restantes países, o número de pessoas com um telefone móvel supera o número de contas bancárias em vários milhões (com o número recorde de 204 milhões na China).

O relatório, Unraveling the Web, foi encomendado pela Mastercard e lançado na Financial Inclusion Summit, em Oslo, a 28 de março de 2019, organizado pelo Fintech Mundi, um acelerador global de tecnologia financeira.

Na ausência de serviços bancários, ou se os produtos financeiros são utilizados raramente, as pessoas recorrem inevitavelmente a fornecedores informais como clubes de poupança de bairro e a ‘emprestadores’ de dinheiro locais e serviços de remessas sem licença. A maioria das pessoas com baixo rendimento tende a ser utilizadora frequente desses produtos financeiros informais e a ter uma vida financeira complexa e bem organizada. No entanto, não têm proteção legal, enfrentam riscos significativos e podem pagar mais por um produto muito inferior, indica o estudo.

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Como afirma o relatório, “a batalha pela inclusão não é criar comportamentos completamente novos ou construir mercados inteiramente novos nem se trata de fornecer o simples acesso ao mainstream financeiro, é sobre como as partes interessadas de boa fé e os prestadores regulamentados podem fazer um trabalho melhor de competir com o setor informal”.

Outra consideração importante é a profunda diferença entre géneros, que pode vir a ser agravada se as tecnologias móveis e digitais se tornarem o canal de distribuição predominante para os serviços financeiros. Nos países em desenvolvimento, por exemplo, já existe uma lacuna de oito pontos percentuais na titularidade da conta (67% ou homens têm conta, em comparação com 59% das mulheres). Essa lacuna estende-se a dois dígitos em muitos países como Marrocos e Peru, e chega a 30% em alguns países como o Paquistão e o Bangladesh. É muito menos provável que as mulheres tenham feito ou recebido um pagamento digital, mas muito mais plausível que usem produtos financeiros informais e sejam menos capazes de obter fundos em casos de emergência.

Ann Cairns, vice-Chairman da Mastercard, enfatiza uma conclusão importante do relatório: “Fornecer acesso a serviços financeiros não é suficiente porque para alcançar um impacto real, as pessoas também precisam de se tornarem utilizadoras activas dos produtos financeiros”. Globalmente, 20% das pessoas com conta bancária, ou conta de dinheiro móvel, não a utilizam há mais de um ano e muitas outras ainda apenas o fazem ocasionalmente.

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