Facebook lança ferramentas para evitar manipulação nas eleições europeias

Facebook China
REUTERS/Stephen Lam/File Photo

O Facebook continua a sua tentativa de reconquistar a confiança e lança em março novas medidas que obrigam os anunciantes a terem autorização para comprar anúncios políticos. O objetivo? Eliminar a interferência estrangeira em eleições.

Há muito que o Facebook tem aparecido nas notícias por várias questões relacionadas com privacidade dos seus utilizadores. A rede social tem tentado responder com novas medidas, algumas que começaram a ser praticada há já dois anos, para garantir que os dados pessoais dos seus utilizadores estão protegidos. Outra das questões neste tema da privacidade são as interferências externas em eleições, como se viu com os hackers russos nas eleições norte-americanas de 2016.

Nesse contexto, o Facebook anunciou nesta segunda-feira algumas novidades a pensar nas eleições europeias de 26 de maio de 2019. Foi num post no seu blog oficial que a rede social explicou algumas das medidas que tem tomado. O Facebook explica que ganhou experiência com todas as eleições e, por isso, “aumentou a capacidade de expulsar contas falsas, reduziu notícias falsas, aumentou a transparência dos anúncios, interrompeu pessoas mal-intencionadas e apoiou um eleitorado informado e participativo”.

O primeiro passo é um compromisso, o de estabelecer um alto padrão de transparência quando se trata de propaganda política. Para ajudar a essa missão e, numa altura em que se fala em novos regulamentos para as redes sociais, o Facebook lança no fim de março novas ferramentas “para ajudar a evitar a interferência estrangeira nas próximas eleições e tornar a propaganda política no Facebook mais transparente”. O que é que isso significa? Que o Facebook vai passar a obrigar os seus anunciantes (a sua maior fonte de receitas) a terem de ter uma autorização para poderem comprar anúncios políticos, requerendo também “muito mais informação sobre os anúncios”.

No comunicado, o Facebook indica que para publicar anúncios eleitorais ou anúncios sobre questões importantes e altamente debatidas relacionadas com as eleições para o Parlamento Europeu, “os anunciantes devem confirmar a identidade e incluir informações adicionais sobre quem é responsável pelos anúncios”. A rede social admite que “sabe que existem pessoas mal-intencionadas que tentam usar a plataforma de forma incorreta”.

Quando os utilizadores carregarem no novo aviso de responsabilidade “pago por”, vão ser direcionados “para uma biblioteca de anúncios”, que irá partilhar “informações sobre o desempenho do anúncio, como o intervalo de gastos e as impressões, além de dados demográficos de quem o viu, idade, sexo e localização”. Esta informação guardada neste biblioteca “é totalmente pesquisável e está acessível a qualquer pessoa no mundo, independentemente de terem uma conta no Facebook, ou não, em facebook.com/adlibrary“.

As ferramentas vão abranger além dos anúncios de campanha, os anúncios sobre tópicos: “aqueles que não mencionam um candidato ou partido político, mas discutem temas importantes e muito debatidos”. O Facebook admite, no entanto, que as suas ferramentas novas não vão “impedir totalmente os abusos”. Daí que admita que está a preparar-se para “enfrentar adversários inteligentes e bem financiados, que se estão a adaptar e a mudar as suas táticas”. “A transparência ajuda a todos, incluindo os grupos de observação política e jornalistas, responsabilizando os criadores e disseminadores dos anúncios pelo que eles próprios são e afirmam para diferentes públicos”, indica o comunicado.

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Fake news em foco e com centro em Dublin

As notícias falsas são outro dos focos referidos. O Facebook fala em três passos que está a seguir para as eliminar ao máximo da plataforma: primeiro, “remove o conteúdo que viola os padrões de autenticidade da comunidade; segundo, “para o conteúdo que não viola diretamente os Padrões da Comunidade do Facebook, mas ainda assim prejudica a autenticidade da plataforma, reduz sua distribuição, retirando-lhe importância no Feed de notícias”; terceiro, a rede social faculta informação às pessoas, “dando-lhes mais contexto sobre as informações que vêm no Feed de notícias, as chamadas unidades decontexto“.

O programa de verificação de factos abrange já conteúdo em 16 idiomas e permite “aos verificadores de factos analisarem fotos e vídeos, além de links de artigos”, porque tem noção que “a desinformação baseada em multimédia está a gerar uma grande parte de notícias falsas”.

A empresa anunciou ainda novos centros de operações, “focados na integridade das eleições”, incluindo um centro em Dublin”. A ideia é que isso permita fortalecer “a sua capacidade de coordenação e resposta rápida e permitirá que as suas equipas globais trabalhem melhor em todas as regiões”. Nesses centros estarão especialistas do Facebook, Instagram e WhatsApp, e “trabalhará de forma multifuncional com as equipas de inteligência contra ameaças, data science, engenharia, pesquisa, operações comunitárias, equipas legais, entre outras”.

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