A Huawei teve uma certificação importante para as redes core do seu 5G esta semana, mas vê o executivo de Trump manter o bloqueio aos serviços Google e ainda acrescentar uma limitação preocupante no acesso a chips. A guerra intensifica-se.
A relação entre o gigante tecnológico chinês Huawei e os Estados Unidos não acalmou durante a pandemia e esta foi uma semana com uma boa e duas más notícias para a empresa. Por um lado, depois das acusações dos EUA sobre vulnerabilidades no código-fonte das redes 5G da Huawei, uma avaliação técnica externa veio agora certificar essa parte do negócio da empresa.
Foi a ERNW, um fornecedor de serviços de segurança de tecnologia de informação (TI) independente sediado na Alemanha, que realizou a tal avaliação técnica do código-fonte de equipamentos core 5G da Huawei, nomeadamente do chamado Unified Distributed Gateway (UDG). Os auditores “avaliaram o código-fonte recorrendo não só a ferramentas e métodos de referência no mercado, bem como às melhores práticas do setor, tendo divulgado um pormenorizado relatório da avaliação”, é indicado pela Huawei em comunicado.
E o que mostra o relatório? “Demonstra que a Huawei estabeleceu um processo de engenharia de software robusto e apropriado para o UDG, mostrando claramente que as redes core 5G da Huawei são seguras e resilientes”. O Unified Distributed Gateway é um elemento da rede core com capacidade para processar serviços 4G e 5G.
A Huawei congratula-se com o relatório, explicando que “a avaliação da qualidade do código-fonte comprovou que a sua complexidade está abaixo do limite, já que a duplicação do código raramente está presente e as operações aparentemente inseguras são evitadas sempre que possível”.
Nas más notícias, esta quinta-feira a administração de Donald Trump voltou a prolongar o bloqueio à Huawei que inclui os serviços Google e obrigou que o fabricante chinês tenha sido obrigado a deixar de usar esses mesmos serviços que incluem a loja de apps da Google nos seus modelos de smartphones mais recentes e a ter de desenvolver (ainda mais) os seus próprios serviços. Pelo menos até maio de 2021 a Huawei terá assim problemas para negociar com a Google e outras empresas americanas neste período.
Chips: a nova forma de complicar a vida da Huawei
Esta sexta-feira a Reuters revela que a nova ordem do executivo de Trump acrescenta ainda o bloqueio à venda de semicondutores e chips que tenham qualquer componente americana à Huawei. O Departamento de Comércio dos EUA admite que emendou a regra de exportação neste domínio “para estrategicamente limitar a aquisição por parte da Huawei de semicondutores que são o produto direto de software e tecnologia norte-americana”. É ainda acrescentado que a nova regra acontece “para eliminar os esforços da Huawei em prejudicar o controlo sobre as exportações dos EUA”.
O anúncio pode prejudicar a produção dos chips da empresa de Taiwan TSMC que usa componentes americanos e alimenta não só o processador HiSilicon, da Huawei, bem como a Apple e a Qualcomm – a empresa taiwandesa anunciou entretanto uma nova fábrica para os EUA. Os EUA proíbem, assim, que empresas estrangeiras que usem produtos americanos possam fornecer chips à Huawei, a não ser que tenham uma licença dada pelos EUA.
A guerra comercial e tecnológica continua, assim, ao rubro e a Huawei deverá virar ainda mais atenções para conseguir produzir os seus próprios chips. Já esta semana surgiram notícias na China – pelo Global Times, controlado pelo governo chinês – que um novo fornecedor alternativo à TSMC foi bem sucedido a produzir o novo chip Kirin 710A da Huawei – baseado na tecnologia de 14nm – e estava pronto para a prodação em massa.
Este será, assim, se tudo se confirmar, o primeiro chip chinês totalmente independente em direitos de propriedade intectual e uma solução urgente para que a Huawei não veja os seus próximos modelos de telemóveis afetados pela impossibilidade de uso dos chips da TSMC.
A nova medida do executivo de Trump pode trazer represálias por parte da China, que se tem coibido de responder na mesma moeda.
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