Maior privacidade na internet? Google trava poderes de consórcio global

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Foto: REUTERS/Charles Platiau

A Google bloqueou o incremento da privacidade na internet ao votar contra o acréscimo de poderes para organização mundial.

A Google, que pertence à Alphabet Inc. foi o único membro do World Wide Web Consortium a votar contra a medida que pretendia expandir o poder do grupo para a privacidade na Internet da organização. A notícia é dada pela Bloomberg, dando como prova uma contagem de votos consultada pela publicação. Vinte e quatro organizações votaram a favor e só a Google votou contra.

O consórcio conhecido como W3C toma decisões por consenso, daí que a objeção da Google tenha-se tornado num veto efetivo. Aparentemente ainda está a ser discutida uma alternativa entre a Google e os outros parceiros do consórcio. Se houver uma decisão consensual, a decisão deverá passar para o diretor do W3C, que é Tim Berners-Lee, um dos fundadores da web e que esteve na Web Summit o ano passado a pedir um Contrato para a Internet onde os estados e empresas assumem mais responsabilidades.

Wendy Seltzer, advogada do W3C, não quis comentar a votação à Bloomberg, mas avançou que a organização agradece todas as contribuições dos membros à discussão sobre privacidade.

A votação mostra que a Google está preocupada com possíveis mudanças na privacidade na internet. A empresa teve um lucro de 30,7 mil milhões de dólares em 2018 e teve um crescimento anual de 142%, quase todo esse valor vindo da publicidade online, onde a Google tem uma vantagem clara pela quantidade de dados sobre os hábitos online dos consumidores. Alterações na base da internet como a conhecemos podem limitar e dificultar essa recolha de dados podem ser uma grande ameaça para esse negócio lucrativo.

A Google argumenta que a empresa tem trabalhado para proteger os dados do utilizador que recolhe e explica que os anúncios segmentados com a ajuda da informação recolhida são necessários para manter a internet “livre e acessível”. No entanto, há outro tipo de empresas tecnológicas que têm limitado o uso de dados pessoais como a Apple ou o motor de pesquisa rival DuckDuckGo.

A discussão intensificou-se no final de junho, quando o Grupo de Interesse pela Privacidade, conhecido como PING, enviou aos membros do W3C uma investigação onde se pede que seja aprovado um novo estatuto. Num dos parágrafos do texto o PING pede que a organização possa solicitar ao W3C o poder de bloquear qualquer projeto que o grupo sentisse que prejudicasse a privacidade do utilizador de forma deliberada.

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