Perguntas e respostas sobre o polémico bloqueio à Huawei

Huawei | Bloqueio Huawei
Foto: REUTERS/Francois Lenoir

O que está a acontecer à Huawei? Quem tem um smartphone da marca tem motivos para estar preocupado? Veja a resposta a estas e outras questões.

– O que está a acontecer à Huawei?

Donald Trump, o presidente dos EUA, assinou uma ordem executiva no dia 15 de maio que colocou a Huawei na lista de empresas com as quais as organizações norte-americanas não devem fazer negócio. Os EUA alegam que os equipamentos da fabricante chinesa não são seguros.

Em causa está a Lei de Informações Nacional da China, aprovada em 2018, que pode obrigar as empresas chinesas a cederem dados aos serviços de informações do país. A Huawei já negou várias vezes qualquer fornecimento de dados ao governo chinês e diz que respeita todas as leis dos diferentes países onde tem presença.

Por outro lado, os EUA invocam motivos de segurança nacional para avançar com o bloqueio à tecnológica chinesa.

– Mas há provas?

As alegações de falta de segurança em equipamentos da Huawei começaram por causa dos equipamentos de rede 5G da empresa. Apesar das sucessivas acusações, os EUA ainda não forneceram provas técnicas sobre os alegados problemas de segurança – o que ajuda a perceber o porquê de a Huawei continuar a crescer neste segmento.

Por outro lado, vários especialistas de segurança informática e empresas que são parceiras da Huawei já reiteraram várias vezes nunca terem encontrado qualquer problema de segurança nos produtos da empresa.

Em Portugal, a própria Huawei já fez duas auditorias internas que não mostraram quaisquer problemas de segurança e também a Autoridade Nacional de Comunicações já avaliou os smartphones da empresa e não foram encontrados problemas.

– Quais são as consequências do bloqueio dos EUA?

A consequência mais notória é o anúncio por parte de algumas empresas – nomeadamente a Google e a ARM – que vão deixar de trabalhar em algumas áreas com a Huawei, o que afeta os produtos da gigante chinesa, sobretudo nos dispositivos móveis. Em Portugal, o impacto desta crise deverá sentir-se acima de tudo na época de Natal.

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A situação tem tido impacto noutros domínios, como nas bolsas de valores internacionais e na escala de tensão entre EUA e China.

– Mas há exceções?

Sim. Por causa dos problemas que se levantaram a propósito da suspensão de negócios com várias empresas, os EUA deram um período de 90 dias, que termina a 19 de agosto, para que as organizações norte-americanas possam trabalhar com a Huawei na resolução de questões mais práticas, como atualizações de segurança.

– Tenho um telemóvel Huawei, devo preocupar-me?

Não. Quem já tem um smartphone da Huawei não vai perder acesso aos serviços da Google e as atualizações vão continuar a ser distribuídas através da loja oficial Google Play Store. A Huawei já anunciou que vai continuar a assegurar as atualizações de segurança do sistema operativo.

“A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda para todos smartphones e tablets Huawei e Honor existentes, abrangendo os equipamentos vendidos e os que ainda estão em stock”, disse a empresa em comunicado.

– A Huawei está a lançar novos smartphones?

Sim. A polémica que se instalou não impediu a Huawei de esta semana apresentar dois novos modelos de smartphone da sua gama de equipamentos de preço acessível Honor. A empresa ainda não revelou qual vai ser a sua estratégia para o lançamento de equipamentos nos próximos meses, nomeadamente o muito antecipado Huawei Mate X.

– Devo comprar um smartphone Huawei?

Os equipamentos que estão atualmente no mercado vão continuar a ter acesso aos serviços Google e às atualizações distribuídas pela Play Store. O que estes equipamentos podem já não ter é acesso às grandes atualizações futuras do sistema operativo Android – mas este é um elemento para o qual ainda não há uma resposta concreta.

– A Huawei tem um plano B?

Sim. Richard Yu, líder da divisão de smartphones da tecnológica chinesa, já confirmou que a empresa tem um sistema operativo móvel próprio caso uma situação como a atual viesse a acontecer. Segundo os mais recentes relatos, o tal sistema operativo – conhecido no mundo tecnológico como Kirin OS – pode chegar já em outubro.

Além disso, a Huawei também já está em negociações com outras empresas para assegurar uma alternativa aos serviços da Google. O caso mais notório até envolve a empresa portuguesa Aptoide, que é uma das maiores lojas de aplicações para o sistema operativo da Google.

– Quão grande é a Huawei nos smartphones?

A empresa é a segunda maior vendedora de smartphones a nível global, tendo comercializado mais de 200 milhões de unidades em 2018. Já em Portugal, a marca terminou o ano de 2018 como líder de mercado, posição que reforçou no primeiro trimestre de 2019, quando vendeu mais de 220 mil smartphones em Portugal.
Ou seja, 35% dos smartphones vendidos em Portugal pertencem à Huawei.

– Quem já aderiu ao bloqueio da Huawei?

A Google foi a primeira grande empresa a aderir, mas recuou temporariamente, aproveitando o período de 90 dias concedido pelo governo norte-americano. ARM, Toshiba, Intel e Qualcomm são outros nomes de relevo que já disseram que não vão trabalhar com a Huawei, na tentativa de respeitarem a decisão do governo americano.

– O bloqueio à Huawei vai alterar-se?

O caso do bloqueio à Huawei tem conhecido vários desenvolvimentos desde o início da semana e é provável que continuem a surgir novidades relacionadas com o tema. O peso que a Huawei representa no universo dos dispositivos móveis e pelo impacto que a situação pode ter numa guerra comercial entre a China e os EUA prometem manter a história no topo de agenda mediática.

Como o bloqueio à Huawei pode acabar com o domínio do Android e iOS

* Este artigo será atualizado à medida que novas questões e respostas forem surgindo sobre o caso Huawei