O que vale o Pixel 3, o telefone que se prepara para chegar a mais países na Europa?

A Google expandiu a família de produtos e o produto mais mais esperado era o novo flagship da marca, o Pixel 3. Não era uma surpresa, é certo, depois de tantos ‘leaks’ de informação, mas há um pormenor que saltou à vista: a Google quer mesmo alargar a disponibilidade destes smartphones, logo desde o lançamento, com destaque para a Europa.

No segmento mobile, a tecnológica apresentou dois terminais, o Pixel 3 e o Pixel 3 XL, com as pré-vendas já disponíveis. Já tudo era praticamente conhecido relativamente a este flagship, desde processador a design. O processador utilizado é o Qualcomm Snapdragon 845 (em ambos os terminais). Há é diferenças na bateria: 2915 mAh para o Pixel 3 e 3430 mAh para o Pixel 3 XL.

A questão é que, desde o lançamento do primeiro Pixel, não se podia propriamente falar numa disponibilidade global dos telefones da Google – em Portugal, por exemplo, não existe uma presença oficial do Pixel. No ano passado, quando lançou o Pixel 2 e Pixel 2 XL, a lista inicial de países pronta a receber o Pixel contava com seis localizações: Austrália, Canadá, Alemanha, Porto Rico, Reino Unido e, claro, Estados Unidos.

Este ano, a Google aposta na expansão destes dispositivos, tal como tem vindo a expandir a presença da coluna inteligente Google Home, principalmente na Europa. Pela primeira vez, Espanha, mesmo aqui ao lado, entra na lista de países que vão receber o Pixel 3 e Pixel 3 XL, já a partir do próximo dia 17 de outubro.

A lista completa da disponibilidade inicial do flagship da Google mais do que duplicou: de seis localizações em 2017, aumenta para 13 mercados, contando com Austrália, Canadá, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Singapura, Espanha, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos na lista. Como se pode perceber, os mercados europeus compõem uma larga fatia deste bolo de localizações para vender o Pixel 3 e 3 XL.

Os preços iniciais do Pixel 3 em Espanha já foram anunciados, com variações de valor consoante as configurações: no caso do Pixel 3 de 64GB, é preciso desembolsar 849 euros; enquanto que 949 euros dão acesso ao Pixel de 128GB. Na versão de maiores dimensões de ecrã, o 3 XL, os preços começam nos 949 euros para a versão de 64GB e 1049 euros para os 128GB de armazenamento. Comparando com os últimos flagships de grandes marcas, que já ultrapassam a barreira dos mil euros, a Google parece tirar vantagem neste terreno.

A aposta na câmara e em parcerias

Visualmente, os novos Pixel não trazem grandes alterações de design aos modelos anteriores. Comparativamente, os ecrãs cresceram, é certo, mas a diferença está na área útil, já que com uma moldura mais reduzida se torna possível ter um ecrã maior num telefone com dimensões praticamente iguais.

O Pixel 3 XL continua com a onda do notch (ou entalhe) no topo do ecrã, enquanto o Pixel 3 foge à tendência. O Pixel 3 conta com 5,5  polegadas e o XL ultrapassa a barreira das seis polegadas: disponibiliza um ecrã de 6,3 polegadas.

Na traseira, a Google continua a resistir à tendência das câmaras duplas (e, em alguns casos, tripla, como já vimos no P20 Pro ou no Samsung A7): há apenas uma câmara, que a Google assegura chegar para fazer frente à concorrência. Em ambos os telefones, o sensor tem 12,2 MP. No software, a aposta vai novamente para a inteligência artificial, campo onde a Google joga em vantagem: é bastante consensual no mercado que a empresa está à frente da concorrência na IA.

Por isso, tira partido da IA para reconhecimento de objetos e também para novos modos fotográficos: um modo chamado ‘Top Shot’, que vai escrutinar as imagens e escolher aquela que não tem pessoas de olhos fechados ou a imagem tremida. O modo Super Res Zoom vai utilizar vários frames de imagem e uns toques de IA para compôr uma imagem mais definida. Já o modo Photobooth vai tirar partido da IA para detetar sempre que alguém sorri ou faz uma careta – o resultado será uma selfie no momento.

Na parte frontal do telefone já há uma diferença: a marca inclui duas câmaras, uma delas com um ângulo mais alargado, na tentativa de poder incluir mais pessoas nas imagens ou apenas mais contexto sobre a imagem e redondezas.

A Google gaba-se de ter criado uma câmara de excelência, que terá inclusive feito a icónica fotógrafa Annie Leibovitz adotar o novo Pixel para um projeto que ainda não tem nome, mas que incluirá viagens pelos Estados Unidos. Há uns anos, a fotógrafa tinha assumido ser adepta do iPhone, na altura do lançamento do iPhone 4S, anunciado em outubro de 2011.

Duplex está a caminho dos Pixel

Na última conferência, virada para programadores, a Google mostrou uma experiência de inteligência artificial que deu muito que falar: o Google Duplex. Na altura, foi possível ver uma demonstração onde a inteligência artificial fazer uma marcação no cabeleireiro ou reservar um restaurante sem que os humanos que atendessem o telefone percebessem que estavam a interagir com uma máquina.

A experiência era tão credível que conseguia até imitar as pequenas nuances do discurso humano, como os ‘uhm’ de assentimento ou pausas para respiração.

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Agora, a Google indica que os telefones Pixel vão receber gradualmente o Duplex, que chegará a algumas localizações específicas nos Estados Unidos. Segundo a revista Wired, Nova Iorque, Atlanta, Phoenix e São Francisco vão ver o serviço ser disponibilizado ainda este ano, dando funcionalidades extra ao Google Assistant.

Não está é totalmente claro se serão primeiro os utilizadores dos novos Pixel a receber esta funcionalidade ou se chegará gradualmente a todos os donos do Pixel nas localizações definidas. Sabe-se, no entanto, que será apenas possível utilizar o Duplex para fazer telefonemas para serviços que não fazem marcações online, havendo um aviso de que se está a receber uma chamada em nome do Google Duplex.

Um carregador sem fios para acompanhar

Pela primeira vez, será possível carregar um Pixel totalmente sem fios – tudo porque a Google trocou de materiais e recorre a vidro na parte traseira do telefone. Como seria de esperar, a Google quer rentabilizar esta mudança, que não é feita apenas para a conveniência do utilizador – afinal, a venda de acessórios também ajuda nas receitas.

Há um novo carregador sem fios, chamado Pixel Stand. Esta espécie de doca permite ter o telefone a carregar na vertical ou no modo de paisagem e tira partido de carregamento rápido.

Este não foi o único lançamento da apresentação Made by Google: a marca mostrou também o novo Google Home Hub, que se assume como um concorrente direto das novidades da Amazon; e oficializou o Pixel Slate, o primeiro tablet a utilizar o sistema operativo Chrome OS (que já tínhamos visto em ‘leaks’). O Pixel Slate conta com um ecrã LCD de 12,3 polegadas com resolução de 3000×2000 pixéis e opções com 8 GB ou 16 GB de RAM. Como já se desconfiava, conta com uma capa com teclado e trackpad, o Pixel Slate Keyboard, que ajuda a aproximar o Pixel Slate do aspeto de um portátil. Este tablet estará disponível apenas no Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, com um preço que arranca nos 599 dólares (pouco mais de 521 euros).

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