Vício em videojogos classificado como doença mental pela OMS

Se uma pessoa mostrar uma grande dependência em relação aos videojogos, durante pelo menos 12 meses, pode ser diagnosticado com um distúrbio mental.

Vício em videojogos | OMS
Foto: REUTERS/Charles Platiau

Os distúrbios com videojogos, como jogar de forma compulsiva, foram oficialmente classificados como um problema de saúde mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A classificação foi publicada esta segunda-feira, na nova edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças (ICD-11) da organização.

Dentro dos distúrbios relacionados com videojogos, a OMS engloba tanto os que são online, como os que não requerem uma ligação à internet. A organização mundial acredita que ao categorizar o vício em videojogos como uma doença mental vai ajudar os governos, as famílias e os trabalhadores da área da saúde a ficarem mais atentos na identificação deste risco.

“Distúrbio com videojogos é caracterizado por um comportamento de jogo persistente ou recorrente”, começa por descrever a OMS no seu índice.

Este problema de saúde pode ser identificado de três formas – mediante a análise da frequência e da duração das sessões de jogo; mediante a prioridade que a pessoa dá aos videojogos, sobretudo quando se sobrepõem a outros interesses pessoais e atividades diárias; e quando a pessoa continua a jogar, sabendo que isso resulta em consequências negativas para si.

“O comportamento para com os videojogos pode ser episódico ou recorrente. O comportamento e outros elementos são normalmente evidentes durante um período de pelo menos 12 meses por forma a que o diagnóstico possa ser feito, ainda que a duração possa ser encurtada se todos os requisitos do diagnóstico forem cumpridos e os sintomas se revelarem severos”, escreve ainda a OMS.

A organização diz que a decisão de incluir os distúrbios com videojogos na Classificação Estatística Internacional de Doenças tem por base a análise de provas e reflexões de diferentes especialistas que foram consultados para a criação do novo índice.

“Os estudos sugerem que os distúrbios com videojogos apenas afetam uma pequena percentagem das pessoas que interagem com atividades relacionadas com videojogos”, explicou a OMS numa publicação no início do ano.

A Federação Europeia de Programadores de Jogos (EGDF na sigla em inglês) já reagiu num comunicado que é assinado por nove organizações diferentes da indústria dos videojogos.

“Estamos preocupados por ver que os distúrbios com videojogos ainda constam na mais recente versão do ICD-11 da OMS, apesar da oposição significativa da comunidade médica e científica. As provas para a sua inclusão continuam a ser muito contestadas e inconclusivas”, pode ler-se no comunicado.

O novo índice da Organização Mundial de Saúde vai ser lançado em junho, entrando depois numa fase de consulta pública. A Assembleia-Geral da OMS deverá aprovar formalmente o IDC-11 em maio de 2019. Mesmo depois da aprovação, o índice entra em vigor apenas a 1 de janeiro de 2022 e poderá demorar ainda mais tempo até que os países enquadrem os novos problemas nas suas políticas de saúde.