Pedro Matias é presidente do Grupo ISQ
A velocidade a que o mundo gira, o constante processo de digitalização e a indústria 4.0 vão obrigar a que milhares de empresas portuguesas entrem no comboio da digitalização. O bilhete está comprado e o QR Code do mesmo vai chegar a cada empresa, quer queiram quer não e é inimaginável que alguma organização não o faça.
A avalancha da transformação tem vindo a abranger, sobretudo, o turismo, o comércio e os serviços, mas vai chegar a todas as áreas de negócio. O digital é o petróleo do século XXI e o novo combustível do universo empresarial.
Mas por onde devemos começar? A caminhada começa na aceleração da adoção da indústria 4.0 pelo tecido empresarial português, reconhecendo que esta será determinante para a competitividade do país. Para isso, queremos capacitar, dotar de informação e incrementar as competências das PME para a adoção de medidas, tecnologias e ferramentas i4.0, incentivando a aceleração da economia portuguesa para uma economia digital.
A segunda parte será a cocriação, uma expressão que as empresas estão a descobrir, percebendo desde logo que se trata de uma metodologia ganhadora e que permite resultados mais rápidos. Porquê? Quando unimos esforços podemos chegar mais longe e mais rápido. A velha lógica do 2+2=5.
É isso que as empresas sentem quando percebem os resultados que conseguem através de parcerias. E isto acontece tanto com um gigante tecnológico, muito alicerçado em inovação, como com uma empresa de serviços ou mesmo uma ONG.
As parcerias e o trabalho em rede são o ponto crítico para a transformação digital. Com elas criamos conhecimento e descobrimos soluções para a transformação de processos e de modelos de negócio sendo que a principal alavanca de inovação nas empresas é o seu capital humano. Várias entidades têm vindo a apostar nesta estratégia de união, pela via da digitalização, criando vários produtos e projetos.
No setor agroindustrial temos feito um forte investimento na nossa capacitação e no desenvolvimento de soluções digitais. Estamos a inovar ao nível das PME impulsionando as exportações, ajustando-as a novos desafios e para tal lançámos o programa PME Digital. Um projeto que pretende que as PME portuguesas dos setores automóvel e dos materiais ou os produtores de matérias-primas e comércio possam desenvolver e aplicar mudanças disruptivas que as tornem mais competitivas e formatem novos modelos de negócio. Quem sabe não possamos replicar a ideia do processo de criação Empresa na hora ao sistema de transformação digital das PME, lançando-se o “Balcão único para a transformação digital”.
E não se pense que o digital é só para startups e empresas tecnológicas. Ainda recentemente desenvolvemos soluções digitais no âmbito do projeto Smart Farming na Queijaria Almocreva. Os resultados permitem aumentar a competitividade, sustentabilidade e produtividade dos sistemas agroindustriais, desenvolvendo soluções digitais específicas no processo de produção.
No setor do leite, por exemplo, estamos a ajudar a promover eficiência energética e bioeconomia junto de produtores nacionais.
Outro exemplo é a otimização das práticas agrícolas através da monitorização de temperatura e de humidade no processo de maturação do grão de milho, uma das culturas mais importantes de Portugal.
Aliando cultura de inovação, digitalização e cocriação, sabemos que as empresas se renovam, crescem e tornam também o país mais competitivo. Se o fizerem através de parcerias e da cocriação podem fazê-lo ainda de um modo mais rápido e eficaz.
O digital está de facto a ganhar uma presença e uma importância enorme na economia e na sociedade, por isso é caso para dizer que Deus comprou um tablet e começou a gerir o universo através dele.